Crítica | Por Lugares Incríveis

Crítica | Por Lugares Incríveis

Por Lugares Incríveis (All the Bright Places) estreou no final de Fevereiro de 2020 e já chega ocupando o Top 1 de filmes do Netflix em sua semana de estreia. A produção traz a história emocionante de dois jovens vivendo diferentes lutas, emocionais, psicológicas e físicas, que juntos conseguem descobrir a felicidade em pequenos momentos.

Muito longe do esteriótipos, o filme traz uma visão sensível e abrangente sobre as lutas psicológicas que todos passamos. Cada personagem apresenta suas dificuldades em relação às sombras de seu passado. Protagonizando o filme encontramos a incrível dupla Violet Markey e Theodore Finch, interpretados por Elle Fanning e Justice Smith. Além da trama central, é possível ver outras ótimas atuações com as participações de Luke Wilson e Keegan-Michael Key.

Quem assistiu o mais recente filme de Woody Allen vai se surpreender com a atuação de Elle Fanning. Diferente de Ashleigh em Um Dia de Chuva em Nova York com sua luz inebriante e uma atração inevitável, a atriz dá vida a apática Violet, uma jovem que perdeu a irmã em um acidente de carro e já começa o filme em momentos de tensão à beira de uma ponte. Neste momento, ela conhece o jovem Finch que aos poucos consegue ganhar sua confiança e mostrar que, apesar de sua dor, é possível ser feliz.

A química entre a dupla é inquestionável. O medo e a tristeza que Violet carrega consigo aos poucos se transformam em alegria e amor. A ajuda de Finch é a ponte entre as questões da garota e a minimização dos seus problemas, no entanto ao longo do filme percebemos que problemas pessoais e questões psicológicas não são restritos somente a ela. O filme aborda de forma muito delicada pessoas afetadas por transtornos mentais e assuntos como o suicídio, bulimia e o luto.

Por Lugares Incríveis apresenta muito mais do que um romance adolescente, o filme revive discussões necessárias sobre transtornos em um momento em que conversar sobre saúde mental é essencial. A atuação de Elle e Justice são impecáveis e a química entre eles gera veracidade e empatia por parte do telespectador. Um filme importante, sensível e emocionante.

Por Lugares Incríveis sob a luz da Psicologia

por Sarah Ferraz – Psicóloga (Instagram: @psisarahferraz)

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados no filme Por Lugares Incríveis.

Finch: um garoto animado, que adora correr de madrugada.
Violet: uma garota que parece não se permitir mais viver.
Essa pode ser a nossa primeira impressão ao assistir Por Lugares Incríveis.

Primeiras impressões…
Como elas nos cegam às vezes!
No caso da Saúde Mental, “as aparências enganam” é uma frase bem contundente.

O longa traz muito esse viés, ao abordar primeiro a dor de Violet, seu desânimo, isolamento, sentimento de culpa, que foram desencadeados ao ter passado por um evento traumático em sua vida, tão jovem.

E Finch então surge, como uma mão amiga, alguém diferente, que a tira da sua zona de conforto, aos poucos, respeitando seu momento, mas dando uma sacudida ao mesmo tempo. O garoto se mostra muito disposto o tempo todo, tão criativo, bem humorado, transforma as lentes negras através das quais Violet insiste em enxergar a vida, em lentes ultravioleta, “com todas as cores numa só”.

Como alguém assim pode passar por conflitos internos? Ele é tão “pra cima”!
O fato é que ninguém sabe o que realmente ocorre do lado de dentro do outro, a não ser que esse outro se abra. Ao longo da trama, vemos um outro Finch aparecer, e Violet deixa de ser o foco principal.

Não é à toa que o roteiro, muito bem costurado, salpica tantas citações de Virgínia Woolf, escritora britânica modernista, que se suicidou aos 59 anos, (por afogamento no Rio Ouse), pois sofria de Transtorno bipolar. A mais linda delas é: “Sinto mil capacidades brotarem em mim”

Esta se conecta perfeitamente com as falas finais e tão significativas de Violet no filme: “Há lugares incríveis, mesmo em tempos sombrios. E se não houver, você pode ser aquele lugar incrível, com infinitas possibilidades.” Sim, todos podemos passar por sofrimento, mesmo que não esteja aparente aos olhos. Isso fica bem nítido como mensagem. Mas o mais importante é que, mesmo com todo sofrimento, todos têm “mil capacidades” e “infinitas possibilidades” dentro de si.


Uma frase: – “Está tudo bem em se sentir perdido, contanto que você encontre seu caminho de volta.”

Uma cena: Quando Violet e Finch vão mergulhar no lago.

Uma curiosidade: O filme é baseado em um livro de Jennifer Niven, que disse em uma entrevista que encontrou inspiração para escrever o livro depois de ter o privilégio de conhecer e se apaixonar por um garoto com transtorno bipolar.


Por Lugares Incríveis (​All the Bright Places)​

Direção: Brett Haley
Roteiro:
Liz Hannah e Jennifer Niven
Elenco: Elle Fanning, Justice Smith, Alexandra Shipp, Kelli O’Hara, Lamar Johnson, Keegan-Michael Key e Luke Wilson
Gênero: Drama, Romance
Ano: 2020
Duração: 107 minutos

Tássya Macedo Queiroz

Uma porquinha radioativa mestre em energia nuclear na Rússia, que adora química, Harry Potter e Minions, além de amar escrever, se arriscando como crítica de cinema após um tempo se dedicando como band aid de um certo porcolunista da POCILGA.

5 comentários sobre “Crítica | Por Lugares Incríveis

  1. Eu adorei “Por Lugares Incríveis”. Achei um filme sensível, bem dirigido e concordo contigo sobre a química do casal central. O longa nos lembra que, muitas vezes, somos tão imersos nas nossas próprias dores, que nos esquecemos dos outros.

  2. Gostei um pouco menos que você do filme, pra mim a metade final dele fica querendo “impactar” o espectador de uma forma que não me ganhou muito. Acho que ele começa muito bem e as atuações são realmente excelentes, mas, para mim ao menos, poderia ser um pouco melhor mas eu gostei no geral.

    Acho que é uma bela pedida pra assistir na Netflix, tanto que ele ainda continua entre o Top 10 do serviço de Streaming

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