Crítica | A Primeira Noite de Crime

Crítica | A Primeira Noite de Crime

A Primeira Noite de Crime é o prelúdio da trilogia iniciada pelo filme Uma Noite de Crime de 2013 que se mantém fiel à proposta da franquia e aprofunda as questões sociais em torno do projeto de governo do partido político, os Novos Pais Fundadores da América, que no novo longa acaba de ascender ao poder no Estados Unidos.

No cenário de um futuro distópico, com altos índices de desemprego, pobreza e criminalidade, a sociedade americana está dividida entre aqueles que são a favor e os que são contrários ao projeto piloto de uma noite de expurgo, na qual por 12 horas é possível praticar qualquer crime a pretexto de dar vazão a impulsos violentos.

Próximo de Manhattan, a pequena Staten Island – com população predominantemente negra – é escolhida para sediar o experimento social da primeira noite de crime. O projeto idealizado pela cientista Updale (Marisa Tomei) é levado às últimas consequências por Arlo Sabian (Patch Darragh), membro do partido político.

A noite de livre expurgo é propagada pelo governo como ferramenta de estudo psicológico com o claro intuito de ser adotada em todo o país, a fim de supostamente reduzir a violência nas cidades. O primeiro ato do longa, inclusive, é todo dedicado a apresentar o contexto social, econômico e político que levam parte da população a endossar e até mesmo a se voluntariar a participar do experimento.

Sem emprego e sem renda, boa parte dos moradores da ilha decidem ficar no local para receberem US$ 5 mil. Quem aceita participar ativamente do projeto piloto recebe lentes de contato com câmeras embutidas e ainda pode inflar os ganhos financeiros a medida em que dá vazão a seus impulsos violentos reprimidos no dia a dia.

A Primeira Noite de Crime, foto

O incentivo é uma estratégia para garantir a eficácia da noite de teste, que, porém, se mostrará insuficiente para atingir o objetivo do plano do atual governo. É nesse momento que o filme consegue avançar sobre a questão racial. Em meio a grandiosas cenas de violência e ação, com um excelente elenco negro dirigido pelo também negro Gerard McMurray, o longa aborda principalmente o extermínio de jovens negros da periferia.

Ao adentrar no tema, contudo, o thriller decide explorar alguns estereótipos do gênero para ser mais um filme de violência do que uma produção inovadora de suspense com foco na crítica social. Alguns personagens se destacam por exporem suas ambiguidades de forma bastante humana, ainda que previsível, como é o caso do chefe do tráfico Dimitri (Y’lan Noel).

No comparativo com o primeiro filme de 2013, o novo longa apenas cumpre bem a função de prólogo. O único mérito e surpresa de A Primeira Noite de Crime é apresentar na telona de forma ostensiva, mesmo que mal executada, o racismo da sociedade americana – tema bastante pertinente para o contexto político atual, que lembra produções como Corra! e o clipe musical This is America, de Childish Gambino.


Uma frase: – Presidente dos EUA em pronunciamento: “Cidadãos, esta será uma tradição que celebraremos todo ano”.

Uma cena: As cenas de ação envolvendo soldados mercenários após invasão a um conjunto habitacional da cidade.

Uma curiosidade: O pôster do novo filme de Halloween (2018) aparece no quarto do personagem Isaiah. A Blumhouse Production Company está por trás tanto do novo filme de Halloween quanto dos filmes The Purge.


A Primeira Noite de Crime, cartazA Primeira Noite de Crime (The First Purge)

Direção: Gerard McMurray
Roteiro:
James DeMonaco
Elenco: Y’lan Noel, Lex Scott Davis, Joivan Wade, Mugga, Patch Darragh e Marisa Tomei
Gênero: Ação, Terror, Ficção científica e Thriller
Ano: 2018
Duração: 98 minutos

Bianca Nascimento

Filha dos anos 80, a Não Traumatizada, Mãe de Plantas, Rainha de Memes, Rainha dos Gifs e dos Primeiros Funks Melody, Quebradora de Correntes da Internet, Senhora dos Sete Chopes, Khaleesi das Leituras Incompletas, a Primeira de Seu Nome.

2 comentários sobre “Crítica | A Primeira Noite de Crime

    1. Não tinha assistido nenhum filme da franquia até então. Daí resolvi ver o primeiro. Na comparação, gostei mais deste novo que, aliás, por ser um prelúdio, não carece de conhecimento nenhum dos filmes anteriores. Com relação

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