Crítica | Cargo
Quando era ainda um curta-metragem (2013), Cargo trazia uma premissa interessante em mais uma produção ambientada no subgênero do apocalipse-zumbi. Sem boas ideias para preencher as lacunas abertas pelo curta, o longa metragem, lançado com o selo Original Netflix neste ano, parece deslocado do tempo e sem um propósito bem definido e, ainda que não seja um filme ruim, é apenas mais um sifão sugador de tempo oferecido pelo serviço de streaming.
Na trama vamos acompanhar um pai (Martin Freeman, Pantera Negra) correndo contra o tempo para tentar dar um futuro a sua filha. Após ser infectado por um vírus que está transformando todos em zumbis, ele possui 48 horas para cuidar de sua bebê, sobreviver e tentar achar algum local “seguro” para deixar a sua filha antes de se transformar.
Ben Howling e Yolanda Ramke, que foram os responsáveis pelo curta-metragem homônimo, também assumiram a direção e contando com o carisma e a boa atuação de Martin Freeman conseguem criar algumas situações e cenas até interessantes. Só que o destaque do filme fica com Simone Landers que interpreta uma jovem que tenta proteger o seu pai (já transformado) e que, aos poucos, vai tendo um destaque muito interessante.
A história percorre alguns clichês e caminhos já bastante conhecidos, mas até que consegue manter o interesse do espectador até o seu desfecho. Tivesse sido lançado anos antes talvez Cargo conseguisse um destaque maior, mas depois de tantas produções televisivas, filmes e até mesmo livros e quadrinhos terem nos dado uma overdose zumbi, fica difícil acompanhar com um entusiasmo mais uma obra do gênero.
Deslocado no tempo e quase sem um real propósito, a verdade é que toda a genialidade de Cargo já foi exibida no curta-metragem. A produção da Netflix tenta incrementar a história mas tirando as atuações e o carisma de Martin Freeman, não tem muito a oferecer para os cinéfilos mais exigentes.
.Uma cena: Aquela que fez o curta ser um sucesso e que fecha o filme.
Uma curiosidade: Este foi o primeiro filme Original Netflix Australiano que, por sua vez, foi baseado no curta-metragem homônimo que também foi produzido na Austrália.
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Cargo
Direção: Bem Howling, Yolanda Ramke
Roteiro: Tom Ford (Adaptado da Novela “Tony and Susan”, de Austin Wright)
Elenco: Martin Freeman, Anthony Hayes, Susie Porter, Caren Pistorius, Kris McQuade, Natasha Wanganeen, Bruce R. Carter, Simone Landers, David Gulpilil, Joesiah Amos, Ella Barter, Ikee Blackman, Latrelle Coulthard.
Gênero: Drama, Thriller.
Ano: 2017/2018
Duração: 105 minutos.
Graus de KB: 2 – Martin Freeman esteve com Benedict Cumberbatch em Hobbit: A Desolação de Smaug e Kevin Bacon trabalhou com “Benedito” em Aliança do Crime.