Review | Doctor Who 9×05: The Girl Who Died
Maisie “Arya Stark” Williams é A Garota que Morreu no 5º episódio da 9ª Temporada de Doctor Who.
A morte é uma habilidade. Um dom mesmo, como bem ensina o texto bíblico. Talvez um dos grandes dons que a humanidade possui. E algo que é cruelmente negado a um Senhor do Tempo. Em The Girl Who Died mais uma vez o tema da morte – que certamente atravessará toda a nona temporada – é explorado.
Mas dessa vez o tema parece começar a ter contornos mais bem definidos dentro da trama. Nesse episódio percebemos claramente como o Doutor encara a morte. Uma habilidade. A única que ele não possui, e que, ao que tudo indica, é algo que ele irá perseguir incessantemente até conseguir dominar. E essa busca – que deve se relacionar de alguma forma ao disco de testamento mostrado no primeiro episódio – se inicia a partir desse capítulo da longa vida do Senhor do Tempo, que já viveu tantas vidas e já perdeu tempo, com a morte de uma garota viking chamada Ashildr, vivida por Maisie Williams.
Diretamente de Westeros para a Tardis.
Muita expectativa foi gerada em torno da participação de Maisie Williams nessa temporada de Dr. Who. Afinal, teríamos a participação de uma célebre – e talvez a única com cérebro de verdade – Stark e Westeros. As especulações davam conta que ela poderia ser alguém ligada ao passado do Doutor ou mesmo do Mestre. Quando a temporada se iniciou revisitando as origens do Senhor do Tempo, seus antigos inimigos, e sua fuga de Gallifrey, essas especulações ganhavam mais força. Mas nenhuma delas se concretiza nesse episódio.
Contudo, não deixa de ser um episódio que retorna ao passado do Doutor. Questões sobre a fuga de Gallifrey são mais uma vez trazidas à tona e finalmente a referência à primeira participação de Capaldi na série é explicada. Na verdade, trata-se de um dos grandes momentos do episódio. Quando o 12º Doutor surgiu pela primeira vez na temporada passada, ainda um tanto quanto desnorteado, ele se perguntava acerca do porquê de ter escolhido aquele rosto, um rosto familiar. A princípio parecia ser apenas algum tipo de piada interna, uma referência ao fato de Capaldi ter interpretado um coadjuvante no episódio The Fires of Pompeii. Mas parece que Moffat tinha de fato algo planejado desde antes, que apenas agora veremos se desvelar.
Há também uma referência direta ao encontro com Davros no primeiro episódio dessa temporada e à profecia citada por ele envolvendo o já ameaçador “híbrido”. Se a personagem de Maisie Williams, a corajosa garota viking Ashildr, virá a ser a temível criatura da profecia citada por Davros, isso ainda está para ser visto. Mas sem dúvida alguma é uma personagem que tem grande potencial que poderia retornar em outros momentos, talvez até como um novo antagonista, eternamente atormentado pelo agridoce presente que o Doutor lhe concede ao fim do episódio.
Mais uma vez temos um episódio em duas partes, e essa parece ter sido uma ótima ideia dos produtores nessa temporada. Episódios em duas partes ajudam a quebrar a estrutura de “montros da semana”, e dão espaço para se aprofundar melhor em personagens e a desenvolver melhor boas tramas. Esse episódio, assim, na verdade parece funcionar mais como uma preparação para a sua segunda parte – “The Woman Who Lived” – que promete ser melhor do que a primeira parte em densidade e relevância.
Deuses nunca aparecem. Senhores do Tempo, às vezes.
Trata-se de um episódio bem simples e divertido. Em comparação ao excelente episódio da semana passada, chega a ser bastante mediano. Há boas referências à mitologia do Doutor, como o Diário de 2000 Anos. A produção é razoável com vikings pouco convincentes uma raça alienígena bastante bizarra e sem muita identidade, os Mire. Talvez fosse melhor ter usado os Sontarans. O roteiro tem bons momentos, todavia. Momentos poéticos mesmo, quando, por exemplo o Doutor fala mais uma vez a língua dos bebês. Peter Capaldi, claro, mais uma vez arrebenta na intepretação fazendo de todo o resto do elenco quase que um penduricalho a lhe acompanhar. Mas Maisie Williams não está mal. Ela tem também bons momentos e bons diálogos com o Doutor.
Aliás, apesar de ser um episódio simples ele está recheado de excelentes frases, como por exemplo os questionamentos acerca da divindade, da imortalidade e seus paralelos com um ser eterno como o Doutor. “O que Deuses nunca fazem? Eles nunca aparecem!” ou “Imortalidade não é viver para sempre. É permanecer vivo e ter que assistir a todo o resto morrer”. São momentos e frases assim, metafísicos e quase metalinguísticos que tornam Doctor Who uma das melhores séries de ficção-científica já produzidas.
Série: Doctor Who
Temporada: 9ª
Episódio: 05
Título: The Girl Who Died
Roteiro: Jamie Mathieson and Steven Moffat
Direção: Ed Bazalgette
Elenco: Peter Capaldi, Jenna Coleman, David Schofield, Ian Conningham,Tom Stourton e Maisie Williams.
Exibição original: 17 de Outubro de 2015 – BBC One
Graus de Kevin Bacon: 2×3 (Peter Capaldi atuou em In the Loop com Patrick Michael Strange que atuou em Tudo por Você com Kevin Bacon e Maisie Williams atuou em The Falling com Joe Cole que esteve em Agora e Para Sempre com Dakota Fanning que atuou em Encurralada com Kevin Bacon).
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