Resenha de Livro | Billy Summers

Resenha de Livro | Billy Summers

Quem acompanha a Pocilga há algum tempo já deve ter lido um review meu sobre algum livro de Stephen King. Sou fã confesso do autor e sempre aguardo com ansiedade a oportunidade de ler seus materiais novos. Foi com boas expectativas que iniciei a leitura de Billy Summers, o mais recente lançamento do escritor. Ao final de suas 472 páginas eu não poderia estar mais decepcionado.

Apesar de admirar Stephen King não tenho nenhuma dificuldade em declarar o óbvio: Billy Summers é um dos piores livros dele. Ponto. Tal declaração pode soar ofensiva para quem gostou do que leu, mas paciência. Jamais deixarei a honestidade de lado ao expor minhas opiniões.

Mas será que o negócio é tão ruim assim? Será que estou exagerando?

Nos próximos parágrafos vou explicar os motivos que me fizeram chegar a essa conclusão.

Billy Summers é um matador de aluguel que está diante de um último serviço. E não se trata de qualquer serviço. Parece haver algo a mais desta vez. Algo mais complexo. Ex-militar e tido como o melhor em sua função, Billy tem um código: ele só aceita trabalhos se o seus alvos forem pessoas ruins. Chamem isso de um código de conduta. Eu chamo de uma tentativa frustrada de King em nos aproximar de seu personagem principal.

Aliás, o livro é recheado de diálogos que justificam certas atitudes para que nos importemos com os personagens. Geralmente, sem sucesso.

Para realizar esse trabalho, Billy deve assumir outra identidade e se misturar na rotina da região. Enquanto ele aguarda a chegada do seu alvo para um julgamento, ele vai alugar um escritório em um lugar próximo e criará algumas conexões com vizinhos e colegas.

Seus contratantes surgem com uma ideia das mais absurdas. Billy vai fingir que é um escritor e que precisa do isolamento de uma cidade pequena para escrever. Eis o disfarce que vai permitir ele passar despercebido por um tempo.

O fato é que Billy descobre que dentro dele pode existir um escritor de verdade. Aos poucos, ele bota no papel situações do seu passado e cada vez toma mais gosto por isso.

Mas ele não esquece o seu trabalho principal, que tem boas chances de dar errado.

Bem. Até que é uma premissa interessante e a primeira metade consegue manter o nosso interesse. Sempre ficamos na expectativa de que o dia da missão finalmente irá chegar e temos curiosidade em saber como as coisas irão se desenrolar.

Só que já nesse início existem muitas coisas na história que não se sustentam. Não quero ser implicante e nem revelar aspectos importantes da trama, mas todo o disfarce criado para Billy seria absurdo demais para ser praticado. Existem opções que fariam muito mais sentido.

As coisas pioram e muito ali pela metade de Billy Summers. Do nada o livro se transforma e ficamos diante de uma história de vingança envolvendo uma mulher que acaba de passar por um trauma.

E a pouca lógica que havia vai desaparecendo de vez. Caramba. Até os livros de temática sobrenatural de Stephen King tem mais nexo do que esse.

A relação de Billy com a garota Alice é uma das coisas mais bizarras e sem sentido que encarei nos últimos tempos. O autor quer que a gente aceite a qualquer custo uma aproximação que chega a ser constrangedora. É mais amador que novela da Record. Considerando o que aconteceu com Alice, ela certamente iria querer distância de qualquer homem estranho por um bom tempo.

As coisas caminham para um desfecho artificial, absurdo e até revoltante. Em alguns momentos senti que estava diante de uma historinha feita por algum adolescente que busca chocar o mundo sem saber como.

Para tentar salvar esse espetáculo do mau gosto, King resolveu referenciar um de seus melhores livros. Quem tem familiaridade com a obra do autor certamente vai reconhecer na hora. Se serve para alguma coisa na trama? É claro que não, é puro fan service.

Acho que estou um pouco amargo, não é? Então permitam-me fazer um elogio a um aspecto de Billy Summers. Em meio a uma trama insossa recheada de situações lamentáveis há uma declaração de amor ao ato de escrever que até que funciona. Mas é um estímulo pequeno para encarar esse King muito pouco inspirado, cheio de clichês e de sequências absurdas.

Fico na torcida para que ele se recupere na sua próxima empreitada.



Título: Billy Summers
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Número de páginas: 472
Tradução: Regiane Winarski

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

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