Crítica | The House

Crítica | The House

The House é uma antologia de animação em stop-motion que traz três histórias amarradas a um mesmo local, uma grande, assustadora e macabra casa. Deliciosamente bizarro e, por vezes, assustador, o filme reserva alguns momentos divertidos e de pura beleza capazes de agradar até mesmo aqueles que não são muito fãs de animações doidinhas como esta. A produção, que é britânica, foi lançada no início deste ano (2022) e está disponível no catálogo da Netflix.

Na trama acompanhamos, em três épocas diferentes, uma família pobre que recebe uma oportunidade “imperdível”, um agente imobiliário que sofre de ansiedade e uma senhora farta dos seus inquilinos inadimplentes. Em comum, todas elas (as histórias) se passam na mesma casa, que reserva segredos e mistérios por todos os cantos.

Cada uma das histórias possui cerca de trinta minutos de duração, o que torna a experiência de assistir essa antologia bastante aprazível. A cada novo “capítulo” – vamos chamar assim – um novo universo se abre, por mais que esteja no mesmo cenário. A qualidade da animação é incrível e contribui para criar um clima mágico, soturno e por vezes engraçado, ainda que alguns dos desfechos e situações apresentadas sejam, literalmente, assustadoras.

Mabel e sua irmã assustadas

Em tempos em que os filmes tentam se ajustar (sem sucesso) em nichos cada vez mais específicos e descartáveis, “The House” se apresenta como uma verdadeira gema preciosa em meio a catálogos cada vez mais imensos e recheados de lançamentos genéricos. E, ao conversar sobre temáticas universais como ganância, corrupção e solidão, a antologia se torna uma obra acessível e interessante até mesmo para as pessoas que não são muito fãs de animação em stop-motion.

A primeira história se passa nos idos do século 19 e é centrada numa família bastante pobre que, certo dia, recebe uma oferta irrecusável. Esnobados pelos parentes mais abastados, o patriarca da família aceita a proposta de um misterioso arquiteto que oferece construir uma nova casa para eles. Mabel é uma jovem filha que, além de cuidar da sua irmã que ainda é um bebê, enxerga tudo o que os pais parecem não ver. Esse primeiro capítulo me lembrou, em certos pontos, Coraline e o Mundo Secreto, que é outra excelente animação.

Na segunda história que se passa em tempos mais atuais, talvez a mais divertida das três, conhecemos um agente imobiliário bastante ansioso e que tenta, a todo custo, vender a tal casa. Num “open house” de venda ele se depara com potenciais clientes que são bastante esquisitos e inoportunos. Tem um desfecho de puro horror, mas é lindíssima.

E para encerrar com chave de ouro e com algum fio de esperança, na última das histórias – que conta com a dublagem de ninguém menos que Helena Bonham Carter – vamos conhecer uma mulher que luta para reformar a casa, apesar de tudo ao redor já estar inundado, lidando com inquilinos que não pagam aluguel (pelo menos não com dinheiro). Certo dia, sua inquilina recebe a visita de um jovem místico que tenta abrir os olhos da proprietária para uma verdade que ela custa a aceitar.

Jen, a cirandeira e o jovem místico

Em resumo, “The House” é uma das melhores produções que apareceram nesse início de 2022, indicada especialmente para aqueles que querem fugir um pouco do comum com uma mistura divertida entre horror, comédia e fantasia.


Uma frase: “Todo dia eu vejo o verdadeiro potencial dessa casa”

Uma cena: O agente imobiliário retornando do hospital e vendo a casa lotada com os novos moradores.

Uma curiosidade: Apesar de estar listada como uma minissérie de três episódios no imdb, The House é um filme da Netflix.


The House

Direção: Emma de Swaef, Marc James Roels, Niki Lindroth von Bahr, e Paloma Baeza
Roteiro: Enda Walsh
Elenco: Mia Goth, Claudie Blakley, Matthew Goode, Mark Heap, Miranda Richardson, Stephanie Cole, Jarvis Cocker, Dizzee Rascal, Will Sharpe, Paul Kaye, Susan Wokoma e Helena Bonham Carter
Gênero: Animação, Comédia, Drama, Terror
Ano: 2022
Duração: 97 minutos

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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