Crítica | Kimi – Alguém está escutando?

Crítica | Kimi – Alguém está escutando?

Dirigido por Steven Soderbergh e lançado diretamente no serviço de streaming HBO Max, “Kimi” é um thriller de suspense bem inserido nos tempos atuais. Com ajuda de David Koepp (roteiro), o eclético cineasta americano constrói uma trama bem amarrada e interessante, utilizando o contexto da pandemia de Covid-19 como elemento presente sem forçar a barra ou ficar perdido em explicações.

Além de trazer para dentro da história do filme o contexto da pandemia, “Kimi – Alguém está escutando” insere, de maneira acertada, elementos atuais que deixam o filme com “ares” futuristas apenas utilizando-se de ingredientes que já fazem parte das nossas vidas atuais. Um dos principais e que dá nome ao filme é justamente “Kimi”, uma assistente virtual que, além de estar presente no cotidiano da protagonista, é também objeto de seu trabalho.

Na trama conhecemos Angela Childs — interpretada com cuidado e maestria por Zoe Kravitz (Homem-Aranha no Aranhaverso) — uma trabalhadora inserida no ramo tecnológico que sofre de agorafobia. Certo dia, trabalhando de casa analisando alguns áudios “rejeitados” pelo sistema da assistente pessoal ‘Kimi’, enquanto passa o dia vendo o mundo da janela, descobre o que pode ser um possível crime violento e não consegue simplesmente ignorá-lo. Ela tenta resolver tudo remotamente, mas encontra bastante resistência e burocracia para reportar o ocorrido na empresa em que trabalha. Sem muitas alternativas, ela precisará enfrentar um de seus maiores medos: sair de casa. É a partir daí que a história começa a tomar forma e as coisas começam a fugir do controle da vida reclusa da protagonista.

Uma TV na janela

Agorafobia trata-se de um transtorno de ansiedade que, dentre os diversos sintomas, incluem medo (desencadeado muitas vezes por um ataque de pânico) e aversão a lugares que fujam do “controle” de quem sofre dessa fobia. Este é justamente um dos obstáculos que são postos à frente da protagonista que já “sofre” para conseguir se relacionar com o paquera do prédio da frente e diversas outras situações cotidianas.

Dono de uma filmografia bastante eclética, o cineasta americano Steven Soderbergh, sem constrangimento algum, entrega um filme “pequeno” e sem maiores pretensões, mas que nem por isso é feito de qualquer jeito. Pelo contrário, sua direção é muito cuidadosa e tem em seu trabalho com o elenco um dos pontos fortes. Ele acerta ao criar uma obra que, ao contrário de tantas outras que foram lançadas recentemente, consegue se encaixar e conversar sobre atualidades de uma maneira que tudo flui em favor do roteiro bem amarrado de David Koepp.

Não existe nada que não tenha já sido visto em “Kimi”, e ele, de fato, não é um filme imperdível. Mas se, por um acaso fortuito do destino, você, sei lá, escorregar na sala e, ao tentar se segurar em algo para não se machucar, sem querer, apertar o play nessa produção, não irá se arrepender em assistir. Tem suspense, boas atuações, Zoe Kravitz de cabelo azul, homenagens diretas a um dos grandes clássicos de Hitchcock e, pra fechar o pacote, um terceiro ato com momentos de pura adrenalina. 

Usem máscara

Existe uma cena, perto do final (não chega a ser um spoiler, se acalme), em que a protagonista pede a assistente virtual para tocar Sabotage dos Beastie Boys. Qual a chance de um filme assim ser ruim? Fale sério!


Uma frase: “Kimi, toque Sabotage”.

Uma cena: “Quando a protagonista abre a porta para atender o seu paquera enquanto fala, com naturalidade, com a polícia pelo telefone“.

Uma curiosidade: “A voz da assistente virtual, Kimi, é da ex-mulher de Steven Soderbergh a atriz Betsy Brantley”.


Kimi

Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Elenco: Zoe Kravitz, Rita Wilson, Byron Bowers, Jaime Camil, Jacob Vargas, Derek DelGaudio, Erika Christensen, Devin Ratray e Andy Daly
Gênero: Thriller, crime, drama
Ano: 2022
Duração: 89 minutos

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *