Review | Alex Kidd in Miracle World DX

Review | Alex Kidd in Miracle World DX

Parece que foi ontem, mas já fazem mais de trinta anos que Alex Kidd in Miracle World foi lançado pela SEGA. O título que marcou a estreia do personagem no Master System, um console que fez um sucesso muito grande no Brasil nos anos 1980. Desenvolvido pela Merge Games, o remake é um tributo criado com carinho e que traz uma experiência fiel (até demais) ao clássico jogo que nos ensinou que nem tudo precisava ser resolvido na porrada. Bom, pelo menos no início, chega num momento que o “pedra, papel, tesoura” já não resolve mais.

Alex Kidd in Miracle World DX

A primeira coisa que chama a atenção no remake são os gráficos. Eles foram repaginados e atualizados para uma espécie de visual em 16 bits e são muito bonitos. Essa é a primeira impressão que fica na linda tela de abertura, mas que, mais a frente, vai ser dissipada quando o jogador apertar o botão que muda o jogo para o “visual clássico”.

Não é que tenha faltado esmero dos desenvolvedores. Cada bloco, inimigo ou personagem que surge foi melhorado consideravelmente. Alex Kidd in Miracle World apesar de ser um dos jogos da minha vida – o primeiro que zerei – não tem como negar que foi criado com escolhas de design bastante esquisitas. A medida que você ia avançando na aventura, se deparava com criaturas estranhíssimas e quase que inexplicáveis. Não era apenas questão de limitações técnicas. Só que em determinado ponto, o conjunto das telas e efeitos acaba mais atrapalhando, do que ajudando. São blocos que você não consegue distinguir, coisas que você não consegue ver e muitas “distrações” que tornam o game ainda mais difícil do que ele já é.

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No Nintendo Switch, que foi onde joguei, é mais fácil apertar o botão ZR e se transportar para o visual clássico baseado na versão do Master System. O contraste “não tão rico” de cores ajuda a deixar a experiência menos penosa. Alex Kidd era um jogo difícil, e muita das suas dificuldades eram oriundas da forma em que o game foi desenvolvido. Era complicadíssimo controlar os saltos e, como muitos games da época, era uma experiência quase masoquista tentar passar de algumas fases. Nesse quesito o remake é bastante fiel ao original.

Sem acesso ao código fonte, a Merge Games teve que recriar tudo do zero e foram bastante fieis ao original, trazendo inclusive as coisas ruins. Algumas opções de jogo, como poder ter vidas infinitas, tenta deixar a experiência menos frustrante, mas nem isso consegue evitar que, algumas vezes, você deseje ‘rumar’ o controle no chão ou jogar seu videogame pela janela (não façam isso, pode ter alguém embaixo).

Outra coisa que chama a atenção é a trilha sonora. Ela lembra bastante a original e tem sutis diferenças que podem ser comparadas ao apertar o botão que muda o jogo para a versão clássica. Esse, talvez, seja um dos pontos mais positivos dessa releitura do nosso herói que, com o tempo, foi esquecido e acabou não emplacando na SEGA.

Aqui no Brasil, Alex Kidd talvez tenha tido um impacto maior do que lá fora. E foram diversos fatores que ajudaram isso, um deles é que tudo chegava com bastante defasagem no Brasil nos 1980. O país estava saindo da ditadura e esse atraso “ajudou” o país a nem viver o colapso dos videogames que rolou na época do Atari. Já emendamos com a chegada dos consoles 8bits e, o Master System, fez bastante sucesso por aqui. O outro fator que tornou esse jogo tão querido é que em muitos lugares ele já vinha junto com o videogame.

Vale a pena esse remake?

Ales Kidd in Miracle World Dx tem, de fato, um visual muito bem trabalhado e bem casado com a trilha sonora que nos faz viajar no tempo. Tirando isso, é o mesmo jogo, com os mesmos problemas e desafios que, atualmente, não sei se faz tudo valer a pena.

O fato de eu ter jogado ele quase que por completo no modo clássico transparece o quão importante foi essa repaginação. A parte visual é bonita, mas curiosamente mais atrapalha do que ajuda. As vidas infinitas podem até fazer você não desistir de completar o jogo por ter que voltar ao início, mas a sensação de frustração na maior parte do tempo vai superar o abraço quente e nostálgico que os fãs de Alex Kidd terão ao jogar esse remake.

Para quem quer, pela primeira vez, conseguir terminar o game, ou reviver a experiência mágica que é fazer a sequência certa de Lua, Sol, Estrela, Peixe e Ondas, o remake pode ser uma boa pedida. Para aqueles que só querem dar uma viajada no passado ou que já usaram alguma música da trilha do game no celular (naquela epoca que eles não ficavam eternamente no mudo), talvez um emulador já seja o suficente.


Classificação:

Alex Kidd in Miracle World DX traz gráficos bem trabalhados e uma ótima trilha sonora que homenageia a original. Vale mais pela nostalgia do que pelas novidades. Relembrar a jogabilidade deste clássico pode ser uma experiência tortuosa e um pouco frustrante.


Alex Kidd in Miracle World DX

Publicado por: Merge Games
Desenvolvido por: Jankenteam e Merge Games
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 4, Microsoft Windows, PlayStation 5, Xbox Series X and Series S, Xbox One
Lançamento: Junho de 2021
Nº de Jogadores: 1
Gênero: Plataforma, ação, arcade
Classificação: Livre

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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