Crítica | Wolfwalkers

Crítica | Wolfwalkers

A primeira coisa que chama a atenção na animação Wolfwalkers é o seu estilo visual, que mistura bem técnicas antigas e recentes de desenho. Tem uma pegada de traço feito a mão, mas os movimentos e cenários são modernos, com refinamento feito em computador. É interessante ver a Apple investindo em longas de animação sem se importar em fazer algo similar aos outros grandes estúdios, como a Pixar e Dreamworks. 

Dirigido por Tomm Moore e Ross Stewart, Wolfwalkers é baseado em uma lenda do folclore irlandês e funciona para todas as idades. Na trama, a protagonista Robyn vive com o pai em uma cidade da Irlanda por volta de 1650 e deseja trabalhar na mesma profissão da sua figura paterna: caçador de lobos. Os animais são as maiores ameaças do município, então o local é cercado por muros e poucas pessoas têm autorização para ir para o lado de fora.

Um dia Robyn sai da cidade escondida e encontra com Mebh, que é uma wolfwalker e anda com sua matilha de lobos. A protagonista é mordida pela menina lobo, então ao voltar para casa descobre que também se transformou em wolfwalker. Essa condição faz com que o espírito da pessoa saia do seu corpo e se transforme em um lobo. Assim a jovem encontra uma forma de ser livre e estreita sua amizade com a garota lobo.

Outro detalhe importante da narrativa é que a cidade é governada por um “prefeito” que é bastante linha dura, tendo tolerância zero com relação aos lobos. O pai de Robyn trabalha diretamente para ele, então imagina a situação ao descobrir que a garota se transformou no animal mais “perigoso” para o município.

O roteiro de Will Collins é inteligente em explorar todas as nuances da narrativa, tanto o lado da jovem Robyn e sua relação com o pai, quanto o fato de por ser mulher não pode nem sonhar em ser uma caçadora, tendo que trabalhar como empregada. Ao se transformar em uma wolfwalker a jovem tem a oportunidade de finalmente explorar a liberdade para ir onde e fazer o quiser, na hora que achar melhor.

Wolfwalkers também explora bem o lado da aventura e as cenas de Robyn e Mebh passeando pela floresta são muito bonitas e divertidas. Nos momentos de tensão, quando ocorre a caça aos lobos, por exemplo, a animação é igualmente competente. Dessa forma, os diretores Tomm Moore e Ross Stewart equilibram bem o drama e a ação, tornando o longa metragem atraente para todas as idades.

Apesar do charme do estilo da animação e de ter uma história competente, Wolfwalkers tem um pouco de problema no ritmo da narrativa. A trama demora um pouco para ser estabelecida e isso pode ser um problema para atrair a atenção, principalmente dos mais jovens. Contudo, apesar dessas questões, o saldo da animação é positivo e mostra um acerto da Apple em investir em desenhos com qualidade, sem querer parecer similar aos estúdios concorrentes.


Uma frase: – Moll: “Pode sair agora. Sentimos seu cheiro. Você fede.”

Uma cena: A primeira vez que Robyn se transforma em loba.

Uma curiosidade: Esse é o primeiro longa de animação a ser distribuído e lançado pelo serviço de streaming Apple TV+.


Wolfwalkers

Direção: Tomm Moore e Ross Stewart
Roteiro: Will Collins, história de Tomm Moore e Ross Stewart
Elenco: Honor Kneafsey, Eva Whittaker, Sean Bean, Simon McBurney, Tommy Tiernan, Jon Kenny, John Morton e Maria Doyle Kennedy
Gênero: Animação, Aventura, Família
Ano: 2020
Duração: 103 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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