Review | WandaVision – 1ª Temporada

Review | WandaVision – 1ª Temporada

WandaVision é a 1ª série da Marvel criada para o serviço de streaming da Disney e ela se encaixa dentro do MCU. O programa criado por Jac Schaeffer mostra o quanto é possível explorar esse universo de diversas maneiras, mostrando que é possível ser criativo sem perder a coesão. A premissa da série é bem interessante ao mostrar os protagonistas Wanda e Visão vivendo como se estivessem em uma sitcom, que são as séries de comédia americana geralmente gravadas com uma plateia ao vivo. Mas como eles foram parar nesse “universo paralelo”?

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados na primeira temporada de WandaVision.

Ao longo dos 9 episódios dirigidos por Matt Shakman a série explora bem o mistério em torno do que está acontecendo com Wanda e Visão. Os primeiros são os mais interessantes ao apresentar uma bela homenagem às sitcoms, onde cada capítulo se passa em uma época diferente. Os 2 primeiros se passam nos anos 1950 e 60, então o formato da tela é diferente, no antigo “quadrado” padrão da televisão, e também é em preto e branco. Logo, tudo visto em cena remete ao período, então temos figurinos, design de produção e até mesmo a trilha fazendo referência à época.

Isso é um desafio que WandaVision superou muito bem e ao longo dos episódios conseguiu recriar de maneira brilhante a atmosfera cada época homenageada, incluindo até mesmo em alguns uma abertura diferente, com direito até a música tema. Dessa forma a Disney mostra que mesmo no MCU do seu serviço de streaming está disposta a fazer um bom investimento para manter o padrão de qualidade de suas produções. *

* Mario Bastos: Eu diria algo mais do tipo: Kevin Feige entrega o prometido e mostra que o MCU (Marvel Cinematic Universe) não se restringirá mesmo às salas de cinema, mas terá, também na plataforma de streaming da Disney, uma continuidade à altura (e em tempos de Covid-19 essa parece ser uma tacada ainda maior).

Outro acerto da Disney foi a forma de exibir os episódios. Ao invés de disponibilizar todos de uma só vez, usou a mesma estratégia utilizada por The Mandalorian ao colocar no ar apenas 1 por semana. Isso ajudou a criar um “hype” nas redes sociais e tornou WandaVision a série mais assistida durante sua exibição.

Voltando para a série, não demora muito para o público descobrir o que está acontecendo. Na verdade Wanda parece não ter superado o luto em torno da perda do seu grande amor Visão, então de alguma forma ela criou uma realidade alternativa dentro de uma cidade do interior dos EUA. Nesse local ela construiu uma nova “vida” ao lado do namorado, contudo para os habitantes a situação é um pouco complicada. *

* Mario Bastos: A série faz um ótimo trabalho em aproveitar bem diversas ideias de importantes sagas dos quadrinhos da Marvel que tiveram a Feiticeira Escarlate como personagem (ou problema) central. Faz tudo isso de maneira muito mais coesa e interessante do que os quadrinhos jamais fizeram, contribuindo para tornar a Wanda de Elizabeth Olsen uma personagem muitas vezes mais interessante, relacionável e profunda do que a Wanda dos quadrinhos.

Não demora para a série se dividir em dois “núcleos”: o que está dentro da realidade criada por Wanda na cidade, e a outra do lado de fora que investiga o que está acontecendo no lugar. É aí que surge a S.W.O.R.D. *, uma organização com características bem semelhantes a da S.H.I.E.L.D., só que talvez não tão bem intencionada.

* Mario Bastos: Sword apareceu pela primeira vez nas histórias dos X-Men – curiosamente em uma série roteirizada por Joss Whedon – Astonishing X-Men -, muito premiada e famosa. Nos quadrinhos é uma agência responsável por fazer a defesa da Terra contra ameaças alienígenas. Por estar ligada ao universo dos X-Men, por conta de sua primeira aparição, seus direitos estavam com a Fox, e não puderam ser utilizados pela Marvel, até recentemente quando a Disney, como se sabe, adquiriu o referido estúdio de “porteira fechada”.

Assim surgem personagens de outras partes do MCU e a primeira delas é Monica Rambeau * (Teyonah Parris), que é filha de Maria, que foi colega de Carol Danvers, a Capitã Marvel e apareceu no filme dela ainda criança. Ela vai parar dentro da realidade criada por Wanda, mas depois se junta ao time do lado de fora para investigar o que está acontecendo. Outra que surge é Darcy Lewis (Kat Dennings), a cientista da equipe que investigou o surgimento do portal para Asgard em Thor.

* Mario Bastos: Nos quadrinhos, Monica Rambeau é a segunda personagem a assumir o manto da Capitã Marvel, em um período no qual Carol Danvers estava fora de cena. Depois, quando Carol Danvers reassume a identidade de Capitã Marvel, Monica assume a identidade de Photon. Curiosamente, na série, Photon é o codinome de sua mãe, Maria Rambeau, fundadora da S.W.O.R.D.

Esses elementos ajudam a montar a “coesão” dentro do MCU e também lembrar aos fãs que estão diante de um universo compartilhado. Contudo, através da criação de uma realidade alternativa, algo visto de maneira similar no filme do Doutor Estranho, a Marvel aproveitou para fazer uma “piada”. Nos filmes da Disney o personagem Pietro – Mercúrio (Quicksilver no original) – foi interpretado pelo ator Aaron Perry Taylor-Johnson, só que na franquia X-Men da Fox o mesmo foi vivido por Evan Peters. Eis que Peter surge em WandaVision como Pietro, então seria essa a tática da Marvel para trazer os mutantes para o MCU, já que a Disney comprou a Fox? Bom, inicialmente não, mas quem sabe isso não possa ser explorado de alguma forma futuramente.

Feiticeira Escarlate begins

Na verdade, WandaVision mostra algo que não tinha sido mostrado no MCU: a origem de Wanda. Em nenhum momento ela tinha sido chamada pelo nome dos quadrinhos, então a série nos apresenta muito bem a personagem, e vale dizer que talvez sua versão “cinematográfica” seja mais interessante do que a vista nas hqs. É interessante ver um pouco da sua infância ao lado do irmão Pietro e de como as sitcoms americanas trazidas pelo pai, e assistidas em família, ajudavam a abstrair sobre a sua terrível realidade, em um país em guerra.

A criadora da série Jac Schaeffer fez bem em focar a narrativa na jornada de Wanda e a Marvel dá oportunidade a mais uma personagem feminina de ter protagonismo no MCU. Elizabeth Olsen também aproveita para mostrar seu talento e versatilidade ao explorar muito bem diversos lados da personagem, desde os mais cômicos como uma dona de casa dentro de uma sitcom, mas também o de uma heroína forte.

Em segundo plano WandaVision também explora um pouco o sentimento de perda, mesmo que de forma “extraordinária”, apresentando algumas questões acerca das formas como as pessoas lidam com lutam, e ainda acha espaço para mostrar também o empoderamento feminino e a sororidade através da relação entre as mulheres.

Confiram o post do Instagram da psicóloga Sarah Ferraz sobre 4 Lições de WandaVision:

Talvez apenas a vilã Agatha Harkness (Kathryn Hahn) não tenha sido explorada tão bem, já que não aproveita de maneira tão satisfatória a sua origem na época antiga e sua relação com outras bruxas, inclusive a própria mãe. Agatha se torna uma personagem caricata e genérica, sem explorar o potencial completo existente do seu passado, já que ela está apenas interessada em saber como foi que Wanda conseguiu usar magia para criar a realidade paralela.

Conclusão

No último episódio, WandaVision explora de maneira satisfatória a fórmula do MCU e apresenta cenas de batalhas grandiosas, principalmente entre Wanda e Agatha, e efeitos visuais, mas é o conflito entre os dois Visões que rouba a cena pelo seu lado mais “filosófico”. O plano da S.W.O.R.D. envolvia forçar indiretamente que Wanda ressuscitasse Visão para poder descobrir como usá-lo novamente como uma arma, trama similar a outras vistas nos próprios filmes da Marvel.

Ainda assim, o saldo final de WandaVision é muito bom e mostra o quanto a Marvel ainda tem muitas cartas na manga para explorar no seu MCU, que agora se expande mais para a televisão, apesar de já ter sido explorado em menor grau em outros programas. Ajudou a mostrar novos elementos para o universo compartilhado, mas principalmente por apresentar de maneira definitiva uma personagem tão interessante quanto Wanda.



WandaVision – 1ª Temporada

Criado por: Jac Schaeffer
Emissora: Disney+
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Debra Jo Rupp, Fred Melamed, Kathryn Hahn, Teyonah Parris, Randall Park, Kat Dennings e Evan Peters
Ano: 2021

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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