Review | Alta Fidelidade – 1ª Temporada

Review | Alta Fidelidade – 1ª Temporada

Adaptar um filme para uma série de tv tem grandes chances de significar algo bastante oportunista e sem criatividade. No entanto, quando esse longa metragem na verdade foi adaptado de um livro, aí a perspectiva é diferente. Veronica West e Sarah Kucserka fizeram um ótimo trabalho ao adaptar Alta Fidelidade, obra de Nick Hornby.

Alta Fidelidade foi lançado em 1995 e depois foi para o cinema em 2000. Nesse meio tempo o mercado da música mudou bastante, mas apesar de colecionar discos ter se tornado um hobby de nicho, o amor pelos discos de vinis está mais forte do que nunca. Contudo, o grande diferencial do programa de West e Kucserka é ter colocado uma mulher como protagonista.

Zoë Kravitz interpreta Rob, dona de uma loja de discos que acaba de terminar o seu namoro com Mac e resolve ir atrás dos seus antigos relacionamentos em busca de respostas. A premissa continua a mesma na série de Alta Fidelidade, mas ao longo dos 10 episódios o programa consegue ir mais além do que o filme de 2000, sem deixar de manter a fidelidade à obra de Hornby. Contudo, a protagonista feminina dá uma nova perspectiva ao olhar dos relacionamentos, sem deixar de lado o sarcasmo e humor ácido característicos do personagem do livro.

Outra mudança interessante é na dupla que trabalha para Rob em sua loja de discos. No filme de Stephen Frears um dos destaques é a presença de Jack Black como Barry, mas na versão para a tv temos uma mulher negra chamada Cherise. A atriz Da’Vine Joy Randolph mantém as excentricidades pelo amor à música, mas a mudança de gênero também abre novas perspectivas para a personagem. Entretanto, quem ganha uma importância maior no seriado é Simon (no filme era chamado de Dick), o outro funcionário da loja. Ele entra na lista de ex-relacionamentos de Rob, mas descobre que na verdade é gay. O episódio “Ballad of the Lonesome Loser” focado nele é um dos melhores da temporada.

Essas diferenças são interessantes quando pensamos na perspectiva musical e não do ponto de vista visual. Na música podemos ter um cover, onde o artista pega a obra de outro e faz uma leitura bem próxima da original. Mas podemos também ter uma versão, que seria pegar a canção e adaptar de uma outra maneira que tenha mais a ver com a visão de quem está adaptando.

Pensando dessa forma, podemos dizer que a série Alta Fidelidade é uma ótima versão da obra de Nick Hornby. Ela mantém a essência e as principais características, adapta para o tempo atual e faz sua própria versão desse universo do ponto de vista feminino. O amor à música continua presente, sendo a motivação principal de Rob, mas enxergar a narrativa da perspectiva feminina dá um novo frescor à história.

É uma pena que a série do Hulu (distribuída pela Starz no Brasil) tenha sido cancelada após apenas uma temporada. O programa tinha tudo para continuar explorando à vida de Rob e seus relacionamentos amorosos, incluindo o amor à música. Felizmente ao longo dos 10 episódios o seriado desenvolve bem a narrativa e os personagens, concluindo com um encerramento satisfatório.



Alta Fidelidade (High Fidelity) – 1ª Temporada

Criado por: Veronica West e Sarah Kucserka
Emissora: Hulu (disponível no Brasil no Starz)
Elenco: Zoë Kravitz, Jake Lacy, Da’Vine Joy Randolph, David H. Holmes, Kingsley Ben-Adir e Rainbow Sun Francks
Ano: 2020

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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