Crítica | O Diabo de Cada Dia (The Devil all the Time)

Crítica | O Diabo de Cada Dia (The Devil all the Time)

Baseado em um romance homônimo escrito por Donald Ray Pollock, “O Diabo de Cada Dia” é um thriller violento recheado de boas atuações. São várias histórias, algumas em linhas temporais diferentes, que vão sendo contadas e, à medida que os fios vão sendo puxados, se encontram em cenas bastante intensas. 

Dentre os vários personagens apresentados, um dos primeiros que vamos acompanhar é Willard Russell (Bill Skarsgård, It – A Coisa), um veterano de guerra e religioso fervoroso que tenta, a todo custo, salvar sua esposa e proteger o seu filho. A partir da história dessa família, alguns anos mais a frente, além de acompanhar a trajetória do seu filho Arvin (Tom Holland, Homem-Aranha de Volta ao Lar), a chegada de um novo pastor (Robert Pattinson, O Farol) na cidade, desencadeia outra série de eventos potencialmente perigosos.

O filme começa num ritmo lento, no interior de Ohio nos Estados Unidos pós 2º Guerra. Com um visual cinza e bastante sombrio, o diretor Antonio Campos consegue criar um clima melancólico que serve de contraste perfeito para algumas cenas sangrentas e violentas. Só que o grande destaque vai mesmo para seu trabalho com o elenco. Desde os atores mais conhecidos até os personagens de apoio ou que possuem menos tempo em tela, todos trabalham muito bem e ajudam a montar o quebra-cabeças diabólico que é a história.

Grandes atuações

Tom Holland está ótimo, mas quem rouba a cena mesmo é Robert Pattinson. Seu pastor acerta tanto no sotaque e na forma de falar quanto no jeito de andar ou se postar diante de seus fiéis. Outro destaque merece ser creditado também ao casal Handerson (interpretado por Riley Keough e Jason Clark). Nele temos um serial killer que tem a ajuda da esposa para pegar vitimas na estrada, e eles estão ali para amarrar outra ponta da história que só vai ter seu nó desatado quase no final do filme. 

Por mais que pareça apenas um drama de infortúnios malditos e violências religiosas e carnais, “O Diabo de Cada Dia” é genuinamente um filme de Terror. Não daqueles com sustos fáceis ou entidades que surgem de outra realidade. Os diabos estão de todos os lados e são bem reais. São de carne e osso e, muito deles, usam a religião como um escudo para esconder os seus pecados e desejos vis. E tudo isso é ampliado pela narração que é feita pelo próprio autor do livro no qual o filme se baseou.

Não tem um ritmo ágil, não empolga no início, mas é um filme com ótimas atuações e que recompensa aqueles que chegarem ao seu final. Não tem grandes reviravoltas, mas é bem satisfatório acompanhar todos os arcos abertos irem se fechando e algumas histórias se encontrando num desfecho que não deixa espaço para ninguém sair sem um punhado de pecados. Alguns pecam por prazer, outros porque a vida lhe jogou em encruzilhadas de sangue.


Uma frase: Narrador: “Bodecker acreditava que as pessoas eram como cães; uma vez que começavam a cavar não conseguiam mais parar”

Uma cena: O encontro entre o Homem Aranha e o Capitão Invernal.

Uma curiosidade: Robert Pattinson se inspirou em vídeos de pastores evangélicos e pop-stars da época para fazer seu personagem.

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O Diabo de Cada Dia (The Devil All the Time)

Direção: Antonio Campos
Roteiro: Antonio Campos e Paulo Campos adaptando romance escrito por Donald Ray Pollock.
Elenco: Bill Skarsgård, Tom Holland, Michael Banks Repeta, Haley Bennett, Kristin Griffith, Sebastian Stan, Riley Keough, Jason Clark, Harry Melling, Robert Pattinson, Eliza Scanlen e  Mia Wasikowska.
Gênero: Terror, Drama, Thriller
Ano: 2020

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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