Review | Elden: Path of the Forgotten

Review | Elden: Path of the Forgotten

Poucas franquias recentes foram tão influentes quanto a séries Souls (Demon’s Souls e Dark Souls e suas sequências), ao ponto de ter um termo próprio criado para outros jogos por ele inspirados: os “soulslike”. Conhecidos por apresentar dificuldade elevada, combate mais técnico e metódico, um sistema de checkpoints inovador (onde os inimigos ressuscitam cada vez que você salva o jogo na fogueira) e uma narrativa mais sutil e implícita nos elementos do jogo (cenários e NPCs, por exemplo), mas que guarda grande profundidade, os Souls motivaram dezenas de desenvolvedoras a criar jogos que trazem esses elementos em maior ou menor grau. Alguns foram mais bem sucedidos que outros, mas nenhum ainda chegou no patamar dos clássicos da From Software.

Um jogo que tenta trazer essas características para o universo do pixel art em duas dimensões é Elden: Path of the Forgotten. Desenvolvido na Austrália pela equipe de um homem só (Dylan Walker, da desenvolvedora Onerat Games), Elden começa bem no estilo Souls: cercado de uma mistérios. Uma breve cutscene (por sinal, bastante elegante para uma pixel art) mostra uma pessoa realizando uma espécie de ritual e sendo tragada por um portal – e o protagonista chega imediatamente depois desse acontecimento. À partir daí o jogo te solta para tentar entender o que aconteceu e resgatar essa pessoa, em um mundo com inspiração medieval.

A visão é top-down, e a arte pixelizada é bem bonita, lembrando bastante o game Superbrothers: Sword & Sorcery EP (e isso é uma baita elogio), porém os cenários se tornam um pouco repetitivo depois de algum tempo. A parte sonora também é bem decente, e complementa o “mood” dos gráficos. O mundo do jogo tem uma ambientação bastante sombria, e alguns monstros que você enfrenta tem uma vibe meio Lovecraftiana. Porém, a narrativa, seguindo a “cartilha Dark Souls” é bem obtusa, ao ponto dos textos presentes dentro do jogo estarem escritos em um idioma incompreensível com caracteres estranhos.

O combate também bebe muito da fonte soulslike, com a barra de “stamina” (vitalidade) sendo um elemento importantíssimo da jogabilidade – você tem que dosar o uso dos ataques e esquiva para não esvaziar a barra rápido demais, e assim ficar sem poder agir. Além disso, você tem algumas opções de armas (todas de combate corpo-a-corpo), como a espada, o machado e a lança – cada qual com seus prós e contras, com variações de distância, velocidade de ataque e dano – bem como alguns itens e magias, porém os demais elementos do combate são bem simples, talvez mais do que deveriam ser nesse tipo de jogo.

E talvez aí entre o principal defeito do jogo. Ainda que tenha um sistema de combate moderadamente satisfatório, em sua simplicidade ele se torna repetitivo até demais depois de algum tempo (salvo o combate com chefes, que em geral é interessante). Outro problema é que o jogo tem alguns picos de dificuldade aleatórios. Não é um jogo muito difícil no geral, mas em pontos muito específicos ele se torna particularmente frustrante. Além disso, o jogo tem alguns bugs complicados, mas isso é uma coisa que provavelmente será corrigida em atualizações.

Se você é muito fã da franquia Dark Souls, ou gosta de um jogo bastante atmosférico com uma boa dose de mistério e desafios, Elden pode ser um passatempo interessante pra você. No entanto, se você é do tipo que frustra fácil, ou procura uma narrativa mais linear e direta, eu recomendaria procurar em outro lugar.


Classificação:


Elden: Path of the Forgotten

Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows e Nintendo Switch
Produtora: Another Indie
Desenvolvedora: Onerat Pty Ltd
Ano: 2020

Dario Lima

Dario Lima, além de ser faixa branca em todas as artes marciais e modalidades de combate conhecidas pelo homem, é também formado em Cinema. Mas sua verdadeira paixão são os joguinhos eletrônicos, desde que ganhou um Atari de presente do pai em uma época longínqua em que Menudo tocava nas rádios, Chevette era carro de playboy e McGyver passava na TV nas manhãs de domingo. Escreve sobre games na POCILGA e de vez em quando perturba os outros em algum episódio do Varacast.

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