O que aprendi após assistir 120 filmes no ano

O que aprendi após assistir 120 filmes no ano
Photo by JESHOOTS.com from Pexels

A minha meta neste ano era assistir, pelo menos, 100 filmes. Parece pouco para quem é cinéfilo e aposto que alguns irão dizer que viram muito mais que (apenas) isso, até porque assistir 10 películas no mês não é nenhuma tarefa de outro mundo. Só que alcançar ou ultrapassar qualquer projeção feita traz um sentimento de vitória, mas será que vale mesmo a pena ter uma meta de filmes a serem assistidos no ano?

Com tanta coisa surgindo para nos tirar do foco, com tanta série sendo produzida e lançada, com um governo que demonstra não ter interesse nenhum em fomentar a cultura no país, não é fácil se comprometer a ver tanta coisa no espaço de um ano. É só uma lista de filmes a assistir, mas acaba que se torna uma jornada que te transforma, te ensina e, principalmente, te leva para um lugar melhor (nem sempre) por alguns minutos.

Seja como distração para relaxar mentes abaladas e destroçadas – se a sua não está com tudo que tá rolando, algo de errado não está certo – reservar 120 vezes um tempo de algumas horas para entrar no mundo mágico do cinema (mesmo em casa) é um ritual que só a perseverança é capaz de tornar um hábito. E como toda boa jornada do herói, obstáculos vão surgir e nem tudo vai ser belo, mas faz parte, não é mesmo?

Meu querido Diário

Ter um diário com os filmes vistos ajuda muito. A cada obra assistida sempre faço o exercício de anotar algumas palavras, um pequeno resumo do que senti e do que gostei, ou não, de tudo aquilo que acabei de ver. Sempre fiz isso muito mais por conta de escrever nos blogs (calma Ramon, vou fazer aquelas críticas ainda, só me falta tempo), mas acaba que ajuda a tirar boas lições a cada história.

melhores filmes de 2019
Lutas de sabres, de armas e de classes sociais.

Com uma meta a ser alcançada, o exercício de ver pelo menos 9 ou 10 num mês se torna uma verdadeira caçada. E isto pode ser uma bênção ou uma maldição. Com os serviços de streamming fervilhando, lançando produções em toneladas diárias, muita coisa sem qualidade ou que não valha o seu tempo acaba entrando no seu radar. Tornando blogs como este aqui, com um coletivo de diferentes pessoas, vivências e experiências, algo que ajuda muito a ter em mente o que realmente vale o seu tempo.

Dando uma passeada através de tudo que assisti em 2019, percebi que nem tudo valia o meu tempo, e não me refiro isso considerando a qualidade artística de cada obra. Não é uma questão de ver apenas as produções com melhores notas na crítica especializada, mas sim de ver que tem muito filme sendo encomendado e criado por estatísticas e algoritmos. Não são poucas as histórias com sinopses chamativas enaltecendo prêmios, nomes e, o mais importante, não tendo mais que 1 hora e meia de duração.

Deixando a meta aberta

Como bem fazia um goleiro que passou pelo Vitória, o importante é deixar a meta sempre aberta. Se você quiser dobrar a meta, boa sorte. Depois de ter visto um filme onde colocaram turbinas no planeta terra para que ele pudesse, com isso, sair do nosso sistema solar até um em outra galáxia, com Júpiter querendo jogar água no chopp, eu percebi que percorrer um número não é uma tarefa sadia.

Veja bem, vi excelentes filmes neste ano de 2019 e o melhor deles, até aqui, em minha opinião, foi um filme nacional (Já foi assistir Bacurau?). Vi pouca coisa no cinema, mas assisti produções de tirar o fôlego e outras apenas para passar o tempo e relaxar. Vi muitos documentários que me ensinaram e me fizeram refletir, mas também vi muita propaganda paga disfarçada, pessimamente, de obra documental investigativa.

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E o que aprendi vendo tanta coisa? Melhor mesmo é não se prender a números. Ter uma meta lhe ajuda a criar um hábito sim, mas a que custo? Para o ano de 2020 espero continuar vendo muitos filmes, mas espero ir mais aos cinemas do que ficar dando play no sofá de casa. E olhe, O Irlandês e A História de um Casamento são apenas 2 exemplos de que existe muita obra excelente pra se ver da casa também. A questão aqui não e entrar nessa briga, mas sim ‘se sair‘ desse ‘bolo doido‘ que é ver filme por “obrigação”.

A questão não é o local, nem a quantidade. Acredito que é contar com pessoas próximas e também o seu sentido aranha para fugir de bombas ou assistir filmes apenas por assistir. E tudo isso vale não só para obras cinematográficas. Vale também para séries, música, estudos, games, qualquer coisa que te faça bem e te desconecte um pouco. Bom, lá se foram 120 filmes em 2019, e o ano de 2020 já começa prometendo mais novas histórias, lições e menos algoritmos. É o que todos precisamos.

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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