Review | The Handmaid’s Tale – 3ª Temporada

Review | The Handmaid’s Tale – 3ª Temporada

Depois de uma segunda temporada confusa, arrastada, excessivamente violenta e pouco promissora, a série The Handmaid’s Tale – do serviço de streaming Hulu – renova a expectativa dos fãs pelo futuro de June Osborne (Elisabeth Moss), a protagonista da história baseada no livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood. Os anacronismos, as controvérsias e as contradições de Gilead – o regime ditatorial teocrático que conquistou, pela guerra civil, o poder de parte dos Estados Unidos num futuro distópico – estão mais expostos, até mesmo para comandantes e esposas responsáveis por manter a casta de poder patriarcal e autoritário.

A primeira rachadura na base de Gilead é causada pelos eventos finais da segunda temporada, após a fuga para o Canadá de Emily (Alexis Bledel) com Nicole, a filha de June e Nick (Max Minghella). Os primeiros episódios são uma preparação comedida para os acontecimentos mais esperados, porém ainda assim impressionantes, de toda a série. Crescem as referências e as comparações, algumas sutis e outras ostensivas, de Gilead com o nazismo. Assim como aumenta a esperança numa possível revolução, bem ao estilo primavera das mulheres, após o simbólico e rigoroso inverno enfrentado por aias e martas.

O simbolismo, aliás, está mais presente do que nunca em Handmaid’s Tale. A primorosa fotografia e os enquadramentos de câmera criativos que se tornaram uma marca de originalidade da série, agora, se alinham ainda mais metaforicamente aos acontecimentos do roteiro, às emoções dos personagens e aos pontos de virada da história. O padrão se mantém também para a trilha sonora, que segue carregada de significados e easter egg’s que ofertam uma camada a mais de sentido à trama. A direção também segue impecável.

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados na terceira temporada de The Handmaid´s Tale.

Da sobrevivência à luta

Sem dúvida, o melhor acerto desta temporada foi a transformação de June. A protagonista cujo propósito inicial era apenas se manter viva para conseguir reencontrar a filha e o marido está, visivelmente, exausta da submissão, do sofrimento, das violações diárias. Ela se insurge corajosamente contra Gilead, nos bastidores, usando e manipulando personagens centrais para sustentação do regime. A motivação de June também se altera nessa jornada. Enquanto não consegue resgatar a própria filha, a aia decide reunir o máximo de crianças possível para, numa operação arriscada e inédita, retirá-las de Gilead.

Para alcançar esse ousado objetivo, June vai às últimas consequências. Caem seus filtros éticos e de valores. Nada é capaz de pará-la. Ela está disposta a se sacrificar pelo bem maior que é garantir um futuro de liberdade para meninas e meninos. A aia está, mais do que nunca, com sangue nos olhos e isso rende cenas incríveis e emocionantes de empoderamento feminino. Ela assume o protagonismo de um embrião do que deve vir a ser a futura revolução capaz de derrubar Gilead por completo. A fissura no regime agora se torna uma grande rachadura.

Sereníssima

Outra personagem que teve uma crescente evolução nesta terceira temporada é Serena Joy (Yvonne Strahovski). Ao seu modo, ela também deixa de lado a submissão para retomar as rédeas a própria vida. Como esposa, ela sofre de maneira diferente com a submissão imposta pela ditadura religiosa a qual ajudou a criar. Até por conta disso, Serena vive em constante dilema e seu comportamento inconstante, incoerente e de altos e baixos é a tradução perfeita e mais realista dessa intensidade psicológica.

Afetada pela perda da “filha” Nicole e pela violência do marido, o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), Serena também se investe de uma personalidade mais empoderada. Ela quer espaço de voz no regime e está mais nostálgica da liberdade que as mulheres tinham antes de Gilead. Tudo isso contribui para as decisões inesperadas tomadas pela esposa ao fim da temporada. Ao mesmo tempo no papel de vítima e de algoz, Serena, sem pensar nos desdobramentos, aposta todas suas fichas em recomeçar uma nova vida no Canadá, mais próxima de Nicole. As consequências de suas atitudes devem fragilizar ainda mais o regime.



Handmaid’s Tale – 3ª Temporada

Criado por: Bruce Miller
Emissora: Hulu
Elenco: Elisabeth Moss, Yvonne Strahovski, Joseph Fiennes, Ann Dowd, Amanda Brugel, O-T Fagbenle e Bradley Whitford
Ano: 2019

Bianca Nascimento

Filha dos anos 80, a Não Traumatizada, Mãe de Plantas, Rainha de Memes, Rainha dos Gifs e dos Primeiros Funks Melody, Quebradora de Correntes da Internet, Senhora dos Sete Chopes, Khaleesi das Leituras Incompletas, a Primeira de Seu Nome.

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