Crítica | As Trapaceiras (The Hustle)

Crítica | As Trapaceiras (The Hustle)

É sempre bom ver filmes estrelado por mulheres, mas infelizmente a comédia As Trapaceiras – protagonizada por Anne Hathaway e Rebel Wilson – dirigida por Chris Addison, não soube aproveitar o talento cômico das atrizes, principalmente de Hathaway.

O filme tem uma boa premissa onde duas mulheres ganham a vida através de golpes em cima de homens explorando a fraqueza deles que sempre as enxergam como “coitadinhas” que precisam de ajuda. Isso é interessante já que é uma forma delas se vingarem do mundo machista em que vivem. Entretanto, o roteiro não consegue estabelecer uma narrativa minimamente coerente em torno das personagens.

Rebel Wilson interpreta Penny Rust, uma jovem que vive de pequenos golpes em cima de homens. Durante uma viagem ela conhece Josephine Chesterfield (Anne Hathaway), uma “trapaceira” mais antiga que conseguiu estabelecer um bom padrão de vida através de seus golpes sofisticados. Após Penny ser enganada por Josephine, a jovem pede ajuda para aprender como se tornar bem-sucedida como a mais experiente. As Trapaceiras se transforma em uma comédia sobre ensinamentos, mas depois é criada uma disputa sem sentido entre as personagens e aí é que o filme se perde de vez.

Na verdade o filme de Chris Addison é irregular do início ao fim onde os principais problemas aparecem na construção das personagens. Além disso, as piadas do filme também se perdem no tom entre a “sofisticação” e o humor besteirol. Em poucos momentos As Trapaceiras acerta o tom e neles garante boas risadas ao espectador.

O talento das atrizes é inegável, mas sem dúvidas o principal problema é Rebel Wilson. Seu estilo de humor não é fácil, então muitas vezes ela perde o tom caindo em um besteirol sem graça. Já Anne Hathaway relembra sua veia cômica de maneira muito boa, só se perde quando tenta chegar no mesmo nível de “besteirol” de Wilson, aí ela também erra feio. Sem dúvidas o grande problema é o roteiro, então em muitos momentos nem mesmo a habilidade de atuação das atrizes é capaz de salvar do desastre. E a química entre elas também é inconstante, mas funciona na maior parte do tempo.

As Trapaceiras é tecnicamente competente e um dos destaques é o figurino, principalmente as roupas usadas pela personagem de Anne Hathaway. O principal problema é o roteiro e a direção de Chris Addison, que parecem não entender muito bem o universo feminino, transformando a comédia que inicialmente tinha um tom de empoderamento em uma disputa idiota entre as protagonistas, com um desfecho bem machista. Uma pena, já que a dupla de atrizes que estrela o filme é muito boa.


Uma frase: – Josephine : “Primeira lição: não há nada mais atraente para um homem do que uma mulher vulnerável.”

Uma cena: A aplicação do golpe O Senhor dos Anéis.

Uma curiosidade: Em entrevista, a atriz Anne Hattaway disse que, embora sua personagem tivesse sotaque inglês, ela resistiu. Isso porque, segundo ela, seus fãs já sabem de sua origem americana e não queria ser motivo de chacota ao cometer eventuais erros no vocabulário e entonação. Então, já que sua personagem é uma vigarista, a atriz se aproveitou dessa característica, fazendo um sotaque meio inglês, meio americano, como se fosse uma verdadeira vigarista.


As Trapaceiras (The Hustle)

Direção: Chris Addison
Roteiro:
Stanley Shapiro, Paul Henning, Dale Launer e Jac Schaeffer, história de Stanley Shapiro, Paul Henning e Dale Launer
Elenco: Anne Hathaway, Rebel Wilson, Alex Sharp e Dean Norris
Gênero: Comédia, Crime
Ano: 2019
Duração: 94 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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