Crítica | O Rei Leão (The Lion King)

Crítica | O Rei Leão (The Lion King)

Mufasa e Scar, Simba e Nala, Timão e Pumba – personagens que marcaram a infância de muitas gerações assim como suas divertidas e clássicas canções – voltaram para as telinhas do cinema. O famoso e nostálgico lema Hakuna Matata chega novamente aos cinemas como o mais novo remake live action do estúdio Walt Disney World: O Rei Leão.

Dirigido por Jon Favreau – reconhecido pelo excelente trabalho realizado em Mogli: O Menino Lobo – , o filme herda de sua versão animada o clássico roteiro de 1994, o que garante fidelidade aos acontecimentos e às cenas da animação. Além disso, a famosa e inesquecível trilha sonora composta por Hans Zimmer, com participações de Elton John e Tim Rice, também é retomada no remake, agora, com reforço das vozes de Beyoncé, Donald Glover e um forte elenco.

O realismo das cenas impressiona pela qualidade dos efeitos especiais. Cenários da belíssima savana africana e a representação do cotidiano de diversas espécies de animais são o ponto alto do filme. No longa, o público parece estar na cena junto com os personagens graças à riqueza de detalhes que tocam o coração dos fãs mais sedentos de reviver a magia da animação de 25 anos atrás.

E, por falar em magia, a memória afetiva do público se entrega completamente à atuação de personagens tão queridos, que agora aparecem na tela em versões muito fiéis a de animais da fauna africana. Textura macia do pelo, silhuetas e movimentos convincentes levam o espectador a crer que eles existem, de fato. Além do excelente trabalho do CGI, o desempenho do elenco é outro aspecto que confere emoção ao longa.

Juntam-se à Beyoncé e Glover, Chiwetel Ejiofor, James Earl Jones, entre outros talentos, que acrescentam carisma e expressão dos animais hiper-realistas, tanto nos diálogos quanto nas canções. Nesse ponto, a trilha sonora complementa o belo trabalho desempenhado pelo elenco. Assim como na animação, a dublagem de 2019 apresenta versões simplesmente incríveis dos clássicos musicais.

No início, a música Circle of Life, na voz de Lindiwe Mkhize, traz a nostalgia da animação e a mágica do cenário de apresentação de Simba. Depois, o tom mais infantil e divertido é relembrado com I Just Can’t Wait to Be King nas vozes de JD McCrary (Simba criança) e Shahadi Wright Joseph (Nala criança). O tom mais sombrio também tem seu momento, relembrado em Be Prepared, na voz de Chiwetel Ejiofor (Scar). Logo depois é a vez do mais famoso lema de O Rei Leão entrar em cena. Com as vozes de Billy Eichner (Timão), Seth Rogen (Pumba) e Donald Glover (Simba adulto), Hakuna Matata emociona o público adulto e cria novas memórias para o novo público infantil. E por fim, o esperado reencontro de Simba (Donald Glover) e Nala (Beyoncé) na performance de Can You Feel The Love Tonight – um dos momentos mais bonitos e emocionantes do filme.

Beyoncé deixa sua marca registrada no remake de O Rei Leão ao também contribuir para a trilha sonora com o single Spirit, uma de suas criações exclusivas para o longa da Disney e que foi adequadamente encaixada no enredo do filme. Ainda sobre a trilha sonora, vale ressaltar que o instrumental de Hans Zimmer também é importantíssimo para deixar as cenas mais vivas e os momentos de tensão e romance ainda mais emocionantes.

Cabe acrescentar que o papel desempenhado pela direção do filme teve grande peso na realização deste belo e impressionante remake. Junto à tecnologia e aos efeitos especiais, Favreau entregou o clássico animado com roupagem de mundo real, sem decepcionar. Em que pese o excesso de realismo limitar as expressões dos personagens, é preciso lembrar de que se tratam de animais que no mundo real são selvagens, não falam e muito menos poderiam exprimir emoções. E, por isso, o diretor superou o desafio e conseguiu equilibrar em um nível aceitável a suspeição de descrença para um live-action, com coerência e lealdade à história original. O Rei Leão de 2019 revive a magia da animação, conseguindo ser ainda mais divertido e emocionante.


Uma frase: – “Hakuna Matata! É lindo dizer!”

Uma cena: Quando todos os filhotes cantam no olho d’água com Simba e Nala.

Uma curiosidade: O remake do clássico ganhou um álbum de Beyoncé, com a participação de vários artistas como Jay Z, Childish Gambino, Kendrick Lamar e Blue Ivy Carter, filha da cantora.


O Rei Leão (The Lion King)

Direção: Jon Favreau
Roteiro:
Jeff Nathanson, Brenda Chapman, Irene Mecchi, Jonathan Roberts e Linda Woolverton
Elenco: Donald Glover, Beyoncé, James Earl Jones, Seth Rogen, Billy Eichner, Chiwetel Ejiofor, John Kani, John Oliver, Alfre Woodard, JD McCrary, Shahadi Wright Joseph, Florence Kasumba, Eric André e Keegan-Michael Key
Gênero: Animação, Aventura, Drama
Ano: 2019
Duração: 118 minutos

Pérola Lordello

Sou a jovem e empoderada mascote desse site maravilhoso. Moro em Salvador e sou uma estudante bem nerd, amante de tudo relacionado à cultura Geek que há nesse mundão. Também tenho mais duas paixões eternas (além da melhor e mais forte e maravilhosa heroína de todos os tempos): o futebol e os dinossauros.

5 comentários sobre “Crítica | O Rei Leão (The Lion King)

  1. O filme, apesar de ser uma grande realização, para mim, cai naquela categoria de remakes questionáveis. Além da inovação tecnológica e do elenco de vozes que é melhor, no geral, do que o original, não traz nada de novo em termos de linguagem, tom e narrativa, o que nos leva a questionar: a gente precisava mesmo de uma versão nova do Rei Leão?

    Para mim, o filme original segue insuperável. A linguagem das animação 2D, e a espantosa competência estética daquela obra, conseguiram contar essa fábula em um tom preciso que marcou, e segue marcando, gerações inteiras mesmo após 25 anos. Jon Favreau se escora no sucesso original, faz um uso excelente da tecnologia, mas não imprime nada de artístico em sua versão. Qual a visão de Favreau? Mostrar apenas que é possível fazer uma animação hiper-realista? Bom, talvez se não houvesse uma versão original que nos convida, inevitavelmente, a uma comparação, isso fosse suficiente. Nessa versão, não se percebe um bom uso de técnicas de iluminação e fotografia, e em alguns aspectos o desenvolvimento do arco narrativo narrativo de alguns personagens é apressado para a linguagem de um “live action”, o que numa animação tende a incomodar menos. Melhor seria se tivessem simplesmente contratado o elenco desse filme para fazer uma nova dublagem, “restaurassem” o filme original com novas técnicas de animação e lançassem como uma nova versão do Rei Leão. Acho que faria mais sentido.

    Dito isso, não é um filme ruim. O carinho e o respeito à obra original e a dedicação de Favreau são evidentes. Vale a pena conferir.

    E, sem dúvida, o Scar de Chiwetel Ejiofor é o personagem que se destaca no filme sendo, em certos aspectos, até mais adequado do que o de Jeremy Irons do filme original.

    A crítica está excelente! Aliás, gostei mais da crítica do que do filme. 😉

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