Crítica | Gloria Bell

Crítica | Gloria Bell

Gloria Bell (Julianne Moore) é uma mulher independente, de espírito livre e mente vibrante, que, na solidão da rotina cotidiana, mergulha com resiliência numa jornada de autoconhecimento envolta pelos principais dramas da meia idade. O filme é um remake americano do longa chileno Gloria, de 2013, também dirigido por Sebastián Lelio.

Na trama, a protagonista vive seus dias na tentativa de conciliar trabalho, terapias de grupo, noites de lazer e também na busca de se aproximar do convívio com os filhos adultos. Divorciada há 12 anos e muito bem resolvida com o ex-marido, Gloria quer se bastar em si mesma, quer ser feliz nas relações familiares e de amizade que construiu durante a vida.

Arnold (John Turturro) rompe com o suposto equilíbrio encontrado por Gloria no caos dos dilemas que a consumiam. Os dois se conhecem numa boate para pessoas de meia idade, frequentada por Bell quase que religiosamente apenas para dançar – uma de suas grandes paixões além da música. O casal termina a noite juntos e, sem nenhuma expectativa, Gloria segue com sua rotina no dia seguinte.

O que Gloria encarou apenas como sexo sem compromisso, foi razão suficiente para Arnold se apaixonar. Também divorciado e pai de duas filhas, ele não pensou duas vezes em começar um relacionamento com Bell. É partir desse ponto que o drama, com ares de romance, de fato se estabelece na narrativa do filme e o espectador começa a se importar mais com o destino da protagonista.

Com um ritmo cadenciadamente lento e, talvez, propositalmente entediante, o longa utiliza elementos visuais e narrativos, bem como enquadramentos criativos de câmera e uma trilha sonora impecável que “casam” com a trajetória de altos e baixos de Gloria. Até mesmo as corajosas cenas de nudez parcial de Julianne Moore são relevantes para a proposta de expor as fraquezas da personagem e, assim, “despir” a protagonista dos “trajes sociais” cujas aparências sugerem uma falsa sensação de bem-estar, solidez e independência.

A atuação de Julianne Moore é comovente, a ponto de em vários momentos parecer um filme autobiográfico da atriz. A união de um drama bastante convincente e plausível com tamanha entrega de interpretação da protagonista faz com que o filme se destaque na comparação com outros exemplares do gênero, mesmo que ao adotar uma receita batida de roteiro.


Uma frase: – Gloria: “Quando o mundo explodir, espero morrer dançando”.

Uma cena: Gloria dançando sozinha numa festa de casamento.

Uma curiosidade: Baseado no filme chileno de 2014, com o mesmo nome.


Gloria Bell

Direção: Sebastián Lelio
Roteiro:
Alice Johnson Boher, Sebastián Lelio e Gonzalo Maza
Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Alanna Ubach, Michael Cera e Holland Taylor
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Ano: 2018
Duração: 102 minutos

Bianca Nascimento

Filha dos anos 80, a Não Traumatizada, Mãe de Plantas, Rainha de Memes, Rainha dos Gifs e dos Primeiros Funks Melody, Quebradora de Correntes da Internet, Senhora dos Sete Chopes, Khaleesi das Leituras Incompletas, a Primeira de Seu Nome.

Um comentário em “Crítica | Gloria Bell

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *