Crítica | Brexit (Brexit: The Uncivil War)

Crítica | Brexit (Brexit: The Uncivil War)

O Reino Unido ainda está colocando em processo a sua saída da União Europeia após o país tomar essa decisão através de um plebiscito realizado em 2016. Isso ficou conhecido como Brexit e esse é também o título da produção da HBO estrelada por Benedict Cumberbatch e dirigida por Toby Haynes.

Cumberbatch interpreta Dominic Cummings, o homem responsável pela campanha vitoriosa a favor da saída do Reino Unido da União Europeia. Mas se o Brexit é um evento tão recente e que nem teve ainda um desfecho, por que fazer um filme sobre o tema? A resposta é simples: como Cummings conseguiu ser bem sucedido.

É um tema urgente e que merece ser discutido enquanto ainda está “fresco” na memória das pessoas. Começar pela campanha do Brexit é um ponto fundamental. Essa foi a 1ª grande campanha política vencida através da Internet. A estratégia de Dominic focou em utilizar um sistema que tem um algoritmo para medir os “sentimentos” das pessoas. Ou seja, ao invés de focar em fatos e nas consequências da saída do país da UE, ela pegou as insatisfações das pessoas e transformou isso em “verdade”.

Um exemplo: o emprego e o medo de que imigrantes fiquem com os melhores trabalhos, então se o país sair da UE vão sobrar melhores oportunidades. Ou inventar “fatos” que parecem verossímeis, mesmo sendo falsos, como pegar um suposto valor gasto pelo Reino Unido com deputados da UE e dizer que ele será utilizado para melhorias.

Através da atuação sempre brilhante e carismática de Benedict Cumberbatch, iremos acompanhar todo o processo pelos bastidores da campanha da saída da UE e de como eles colocaram essa nova estratégia em prática. O ator transforma Dominic Cummings em um homem multidimensional, que tem seus próprios problemas em casa, e não simplesmente um “monstro”, mas sim apenas uma pessoa colocando seu trabalho em prática.

Contudo, o filme de Toby Haynes tem um olhar nos 2 lados da campanha e mostra o quanto essa estratégia gerou consequências complicadas e mudou a forma de se fazer política no mundo todo. Basta observar que uma metodologia parecida foi utilizada em outros lugares do mundo nos últimos anos, como as vitórias dos presidentes Donald Trump nos EUA também em 2016 e de Jair Bolsonaro no Brasil em 2018. Ou seja, foi encontrada uma forma de manipular o sentimento das pessoas para as levarem a acreditar em narrativas falsas.

Brexit começa um pouco confuso ao apresentar todos os personagens envolvidos na narrativa, mas consegue estabelecer bem a história. A montagem é interessante ao mostrar idas e vindas temporais, que dão um ritmo ágil ao filme. O resultado é uma história urgente e necessária, abordada de maneira inteligente, sobre um assunto atual e que precisa ser discutido e analisado, antes que as consequências se tornem irreversíveis.


Uma frase: – Dominic Cummings: “Todo mundo sabe quem ganhou. Mas nem todo mundo sabe como.”

Uma cena: Dominic explicando para sua equipe como a campanha vai funcionar.

Uma curiosidade: O filme faz referência O Espião Que Sabia Demais (2011) e aos filmes dos Vingadores da Marvel. Benedict Cumberbatch trabalhou em ambos.


Brexit (Brexit: The Uncivil War)

Direção: Toby Haynes
Roteiro:
James Graham
Elenco: Benedict Cumberbatch, Lee Boardman, Richard Goulding, John Heffernan, Oliver Maltman, Simon Paisley Day, Lucy Russell, Paul Ryan, Kyle Soller, Liz White e Rory Kinnear
Gênero: Biografia, Drama, História
Ano: 2019
Duração: 92 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *