Review | House of Cards – 6ª Temporada

Review | House of Cards – 6ª Temporada

Chegou a hora de se despedir de House of Cards, a 1ª série original da Netflix e responsável por dar o pontapé inicial ao serviço de streaming se consolidar como produtora de conteúdo. Essa 6ª temporada quase não viu a luz do dia após os escândalos de abusos-sexuais envolvendo o protagonista Kevin Spacey. Felizmente conseguiram produzi-la e a atriz Robin Wright assumiu o protagonismo como Claire.

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados na sexta temporada de House of Cards.

A temporada começa de forma um pouco confusa e tem que explicar o que aconteceu no intervalo entre a 5ª e a 6ª. A solução foi matar Frank Underwood, interpretado por Spacey, mas além disso, foram adicionados 2 novos personagens: Annette (Diane Lane) e Bill Shepherd (Greg Kinnear). Eles são de uma família tradicional americana muito influente e que lidera um grupo de empresários ligados a diversos setores econômicos. Então demora para o espectador se situar e entender os novos elementos do jogo de poder.

O grande destaque dessa última temporada, sem dúvidas, é Robin Wright. Aos poucos a personagem Claire ganhou importância na série, dividindo de igual para igual o protagonista com Frank. Então foi natural ela assumir o protagonismo do seriado. A atriz explora o fato de ser mulher para construir uma trama interessante em torno das reais intenções de suas ações. Ela vai além como “anti-heroína”, explorando temas do feminismo e de como as mulheres são vistas pela sociedade quando assumem um cargo de poder.

Um dos melhores momentos é quando Claire demite todos os membros do seu gabinete e coloca apenas mulheres para ocupar os cargos, algo que nunca aconteceu na história dos EUA, que inclusive nunca teve uma presidente mulher. Ou quando a personagem fala sobre a palavra misoginia – o ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres ou meninas – e questiona as pessoas se elas sabem o equivalente para os homens. Obviamente ninguém sabia, inclusive esse que vos escreve, já que como ela explica, essa palavra praticamente não é usada pela sociedade.

No entanto, a forma como a série explora o jogo de poder nos bastidores da política já havia assumido um lado mais “fantástico” e inverossímil, e nessa temporada essa linha de abordagem continua com Claire fazendo malabarismos absurdos, ou simplesmente “se livrando” de pessoas de maneira fácil e sem consequências, indo além do que já havia sido feito por Frank. Isso compromete a narrativa, mas ajuda – ainda que de forma leviana – a construir a ambiguidade das ações da protagonista, contrastando com seu lado “bem intencionado”.

O “fantasma” de Frank parece sempre estar presente durante a temporada e os personagens sempre parecem meio sem jeito quando citam o seu nome. O único que segue lutando por ele é Doug Stamper (Michael Kelly), que agora divide o protagonismo da série junto com Claire. Contudo, o jogo de intenções entre os 2 é cansativo e a sua resolução serve como o grande desfecho da série. Por um lado é bom deixar elementos em aberto, mas em compensação fica a sensação que não souberam aproveitar para simplesmente fechar a narrativa, já que preferiram criar novos elementos e tramas.

Ainda que com problemas, a temporada é positiva principalmente graças ao seu incrível elenco. Um dos momentos alto é o episódio 4, durante o velório de Cathy Durant em sua residência. Nele House of Cards consegue apresentar um pouco do jogo de poder sem exageros, mostrando todo o cinismo e multifacetismo dos personagens. Os destaques ficam pelas atuações de Lars Mikkelsen como o presidente russo Viktor Petrov e de Patricia Clarkson como Jane Davis.



House of Cards – 6ª Temporada

Criado por: Beau Willimon
Emissora: Netflix
Elenco: Robin Wright, Michael Kelly, Campbell Scott, Patricia Clarkson, Derek Cecil, Boris McGiver, Jayne Atkinson, Constance Zimmer, Greg Kinnear, Diane Lane, Cody Fern e Sakina Jaffrey
Ano: 2018

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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