Review HQ | Horácio – Mãe

Review HQ | Horácio – Mãe

A idéia das Graphic MSP é dar a oportunidade a algum artista de “pegar emprestado” um personagem de Mauricio de Sousa e apresentar a sua visão sobre ele. Então já tivemos visões sobre o Astronauta, Chico Bento, Turma da Mônica, o Louco, entre outros. No entanto, um deles Mauricio tinha dificuldade em deixar os outros “brincarem”: Horácio. O pequeno tiranossauro rex sempre foi o xodó e uma espécie de “alter ego” do autor, já que o próprio Sousa se orgulhava de apenas ele desenhar e escrever histórias do personagem.

Quando Fabio Coala foi convidado para participar do projeto das Graphic MSP, foi oferecido um outro personagem, mas o desenhista tinha uma idéia para uma história envolvendo Horácio. E ele conseguiu convencer Mauricio a emprestá-lo um pouquinho, ainda mais agora que as publicações das Graphics virou um sucesso de crítica e público.

Horácio sempre foi um personagem um pouco solitário e que estava sempre refletindo sobre sua vida. E também questionou as “regras da natureza”, afinal de contas ele é um pequeno tiranossauro que é vegetariano. Em “Mãe” o autor Fabio Coala explora muito bem a natureza do protagonista e o leva a uma jornada em busca do seu próprio passado procurando por sua mãe. O que a teria levado a abandoná-lo?

Horácio - Mãe, imagem

Coala cria uma trama que evoca os principais elementos que marcaram o personagem Horácio e cria uma história que mistura aventura com drama, com altas doses de emoção e diversão. Durante a jornada do protagonista ele encontra com outros animais e juntos eles vão tentar desafiar as leis da natureza.

Afinal de contas, quem foi que criou essas regras e porque eles deveriam segui-lás sem questioná-las? O autor constrói muito bem a narrativa em torno da questão filosófica por trás disso e as explora muito bem. Além disso, a história começa com uma criança visitando um acampamento arqueológico que tem uma escavação onde foi encontrado ossos de dinossauros, fazendo uma conexão interessante entre o presente e o passado da trama.

Enquanto acompanhamos a jornada de Horácio, também vemos ao mesmo tempo a história da mãe dele lutando para sobreviver. Coala é hábil em alternar entre as narrativas, deixando uma sensação de urgência entre elas, fazendo com que o leitor fique ansioso para saber como as tramas irão se conectar.

Fabio usa muito bem os desenhos e as cores para ajudar na narrativa. Um dos recursos utilizados pelo autor é diferenciar as narrativas através da mudança de cores e estilo, assim fica claro que estamos acompanhando duas histórias separadas, uma no presente e outra uma espécie de flashback. Além disso, Coala também usa muito bem a divisão dos quadros dentro de uma página para dar uma dinâmica a ação.

Horácio - Mãe, imagem

Um exemplo interessante é quando ele utiliza galhos de uma árvore para simbolizar a divisão dos quadrinhos dentro de uma página. Outro exemplo é como ele diferencia o dia da noite com as cores das páginas, que ficam brancas durante a luz do sol e depois viram pretas para a chegada da lua. São esses pequenos detalhes que transformam a HQ em uma grande obra visual, além de uma ótima história.

Fabio Coala fez um ótimo trabalho com “Horácio – Mãe” e se destaca como uma das melhores Graphic MSP até agora. Não foi por acaso que Mauricio de Sousa deixou o autor “brincar” com seu personagem favorito.


Classificação:


Horácio - Mãe, capaHorácio – Mãe

Autor: Fabio Coala
Arte: Fabio Coala
Editora: Panini Comics
Número de páginas:
100

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

Um comentário em “Review HQ | Horácio – Mãe

  1. Os desenhos são médios. Funcionais, mas nada demais.
    Já o roteiro achei meio infantil e apelativo. O autor precisa amadurecer mais a sua escrita. Depois da 3ª repetição da “lição de moral” nos diálogos dos personagens, eu pensei: “Tá bom, cara. Eu já entendi!”.
    Sem contar que o autor carrega demais no sentimentalismo. Uma coisa é você ser dramático, outra é você ser apelativo. A impressão que fica é que o autor escreve com a intenção de te faze chorar e esse defeito já tinha notado na obra anterior dele, O Monstro. Uma obra que sofre desse defeito, para efeito de comparação, é o filme Inteligencia Artificial do Steven Spielberg.
    Se alguém quiser ler uma história boa mesmo com um filhote de Tiranossauro Rex, eu recomendo as histórias protagonizadas por Gon, escritas e desenhadas por Masashi Tanaka.
    Enfim, Horácio – Mãe não é uma obra digna de ser uma Grafic Novel, não compensou o dinheiro investido e já troquei a minha edição no sebo.

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