Crítica | Liga da Justiça (Justice League)

Crítica | Liga da Justiça (Justice League)

Liga da Justiça chega aos cinemas como a primeira reunião dos principais heróis da DC Films e veio com uma proposta diferente dos filmes anteriores dirigidos por Zack Snyder. Com claras mudanças nas personalidades dos dois principais heróis e uma paleta de cores mais diversificada, o filme rompe com o que antes era explorado nos polêmicos e sombrios Man of Steel e Batman V Superman.

O filme começa com boas e pequenas surpresas. Batman está numa caçada pelas ruas de Gotham e logo de cara é possível perceber um ambiente que retorna à Gotham conhecida pelos leitores de quadrinhos e até mesmo os que conheceram algumas histórias através de desenho animado, uma cidade escura e com prédios altos, mas com letreiros de neon.

A trilha sonora que acompanha o Homem Morcego é agradável aos ouvidos dos fãs que assistiram Batman (1989), as músicas são compostas com a base que o próprio Danny Elfman fez na época para o longa dirigido por Tim Burton. Não é inovador, mas traz a sensação de tranquilidade que os fãs necessitam: o que conhecíamos estava ali.

Bruce Wayne e Diana Prince saem tentando recrutar os novos personagens para a equipe mais famosa das histórias em quadrinhos enquanto outros acontecimentos surgem nos territórios dos personagens. Podemos ver Batman atuando um pouco como detetive enquanto a amazona salva um grupo de pessoas em um ataque terrorista.

O mundo está um caos após a morte de Superman e as pessoas se veem sem esperança. Como em um videoclipe, somos introduzidos a algo muito semelhante com o que acontece no nosso dia a dia: Preconceito, discriminação racial, xenofobia, violência. Grupos terráqueos têm opiniões diferentes quanto a presença de alienígenas e alguns até acreditam que regredir é a melhor forma de viver.

Até então fica clara a representatividade do diretor Zack Snyder: uma trilha sonora melancólica, filtro escurecendo as imagens e câmera lenta é claro.

Liga da Justiça vai se desenvolvendo, apresentando mais do contexto dos novos personagens e explorando um pouco mais sobre os novos territórios e reinos que coabitam com os humanos. Após nos acostumarmos com a presença de Victor Stone, Barry Allen e Arthur Curry – também conhecidos como Cyborg, Flash e Aquaman – é que conhecemos o Lobo da Estepe (o vilão do filme) que assim como muitos vilões poderosos têm a fixação por dominar o mundo e escravizar os humanos.

Apesar da longa duração, o filme não é arrastado e não exige tanta atenção dos espectadores. Mas tem falhas consideráveis no roteiro e diálogos, um problema que foi identificado ainda em Batman v Superman. O uso exagerado de CGI também é um ponto negativo, mas não compromete tanto.

A entrada de Joss Whedon foi para modificar o tom sombrio do filme e isso é feito com certa facilidade. Liga da Justiça é divertido além das expectativas iniciais fazendo o simples: sem modificar as principais características dos personagens e tirando um pouco do foco sobre Batman. Em determinado momento chega a tirar um sorriso dos que já estavam sem esperança.

Quanto aos personagens existem algumas surpresas. Batman cumpre o papel que lhe cabe como detetive e está muito menos “preparado” para qualquer batalha. A Mulher Maravilha continua com o carisma e bons movimentos durante as lutas, sem perder as qualidades que lhe deram destaque em BvS e Wonder Woman. Jason Momoa desempenha bem seu papel e traz grandes esperanças para o filme solo do Aquaman.

O Flash de Ezra Miller ficou incumbido de ser o alívio cômico e espírito jovial da equipe, trazendo um toque de ingenuidade para um time onde quase todos já participaram de batalhas. O ator é conhecido pelo talento e carisma, mas o exagero da quantidade de piadas acaba prejudicando.

Já o Cyborg talvez tenha sido o maior erro. Os efeitos visuais não funcionam muito bem, trazendo a sensação de que o rosto do ator de fato não faz parte da armadura. Além do mais, é um estereótipo do jovem negro que está sempre zangado e não está muito a fim de socializar. Mas a dinâmica entre ele e o Flash lembra muito a parceria entre Thor e Hulk no primeiro Vingadores.

Superman finalmente teve o destaque que merecia após três filmes. Um herói que sorri, alguém mais humano e que veste a persona do “Salvador” que é esperado, além de ser apresentado na plenitude de seu poder. Quem assistiu os anteriores provavelmente vai se questionar como um sujeito que consegue dar conta de seres tão poderosos teve um filme todo dedicado a sua derrota contra o Batman e subsequente morte. Por que diabos um dos personagens mais contagiantes foi retratado com tanto desprezo? Enfim, um problema a menos. O herói que esperávamos é mais humano e se importa com vidas.

É importante saber diferenciar o que é um filme bom e o que é um filme agradável.

Liga da Justiça não é um filme fantástico e muito menos deve ser encaixado no conceito de bom filme. Ele é divertido, feito para ser apreciado em grupo. Com certeza já um marco na história do cinema só por ter sido lançado. Provavelmente não vai ser lembrado como uma obra prima, mas é quase certo que todos que assistirem lembrarão com quem estavam e o que fizeram após a exibição.


Uma frase: “Você sangra?”

Uma cena: O rosto de surpresa do Flash quando percebeu que Superman é capaz de acompanhar seus movimentos.

Uma curiosidade: Uma cena de Ricky e Morty pode ser vista em um dos monitores do esconderijo de Barry Allen (Flash)


Liga da Justiça (Justice League)

Direção:  Zack Snyder
Roteiro:Chris Terrio , Joss Whedon
Elenco:  Ben AffleckGal GadotJason MomoaAmy AdamsRobin WrightConnie NielsenEzra MillerAmber HeardHenry CavillJ.K. SimmonsJeremy IronsRay Fisher 
Gênero: Aventura, Ação, Fantasia
Ano: 2017
Duração: 121 minutos

 



 

Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

5 comentários sobre “Crítica | Liga da Justiça (Justice League)

  1. Bela crítica Junio, gostei bastante e concordo contigo em relação ao filme. Acho que o maior erro do Snyder é transformar filmes em cenas de videogame, é muito escuro, muito carregado no CGI e isso acaba abalando um pouco nossa “fé cênica”.

    O Cyborg pelo que andei lendo está condizente com o início dele em alguma série da Liga (não sou leitor de quadrinhos, enfim) mas é realmente “mais do mesmo” o papel que ele cumpre. Tivemos outro dia um Robocop bem feito (os efeitos especias do personagem, não o filme) e porque não temos o mesmo com esse filme com orçamento astronômico é algo que não consigo aceitar.

    De resto acho que é mesmo um filme divertido e que vale ser visto no cinema, talvez eu aumentasse 1 bacon nessa nota pelo retorno do Superman da forma como o conhecemos, sei que é o básico, mas em tempos em que estragam nossos heróis em tela, as vezes o básico já é sensacional hehehe

  2. não gostei tanto quanto gostaria, nenhuma piada do flash funciona, pra mim ele foi o pior personagem do filme, só soltava piada ruim e sem graça, e todas cenas re-gravadas do Superman pra colocar aquele CGI no bigode ficaram horríveis(foram praticamente quase todas), tanta cena boa que foi tirada e tinham que colocar logo aquela cena no inicio do filme com Superman falando com a aquela boca-de-boneco com uma criança filmando numa câmera de celular? fiquei puto logo nos primeiros minutos, a mudança trágica no tom do filme piorou o filme ainda mais, por favor voltem pro tom Dark que é o que funciona!

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