Crítica | Thor: Ragnarok

Crítica | Thor: Ragnarok

A primeira cena de “Thor: Ragnarok” deixa bem claro que o longa não irá se levar a sério, especialmente o protagonista. Por um lado, é interessante assumir esse lado cômico. Por outro, há momentos em que a história parece não fazer sentido dentro do universo Marvel no cinema. O filme do diretor Taika Waititi investe tanto no humor que Thor e Hulk mais parecem comediantes em vez de super heróis. Teria sido melhor manter um equilíbrio seguindo a linha de Guardiões da Galáxia, ou seja, um padrão entre aventura dramática com alívios cômicos.

O problema é que o tom cômico não funciona o tempo todo. Citando mais uma vez a cena inicial, Thor foi capturado pelo demônio Surtur e está pendurado por uma corrente. Enquanto o vilão interroga o herói, o protagonista pede para ele esperar enquanto termina de se movimentar girando para ficar novamente de frente para a criatura. Era para ser uma piada que infelizmente não funciona e mostra o quanto o personagem não está levando a história a sério, ao contrário do vilão. Felizmente, com o avanço da trama, esse lado cômico começa a funcionar.

Na trama Thor está em busca de informações sobre a chegada do Ragnarök – uma profecia sobre a destruição de Asgard envolvendo o demônio Surtur. Entretanto seu maior desafio será derrotar sua irmã mais velha, Hela (Cate Blanchett), que conseguiu escapar da prisão de Odin (Anthony Hopkins). Antes, o herói terá que encontrar uma forma de fugir do planeta Sakaar onde está com Loki (Tom Hiddleston), o irmão. Neste lugar ele encontra com Hulk (Mark Ruffalo) e busca ajuda com Valkyrie (Tessa Thompson).

A chegada em Sakaar é o melhor momento do filme e a partir desse ponto a comédia começa a funcionar de maneira eficiente. A trilha sonora de Mark Mothersbaugh define bem o lugar com uma mistura de música pop eletrônica com uma pegada meio retrô e new age. O planeta é comandado por um homem chamado Grão-Mestre, interpretado de forma muito engraçada pelo ator Jeff Goldblum e é quase como se estivesse interpretando a si mesmo. O design de produção do filme também investe em cores fortes com um visual bem colorido para manter o tom alegre e engraçado do longa. O figurino do personagem de Goldblum exemplifica bem isso.

A grande atração do local são lutas estilo gladiadores e o principal lutador é ninguém menos que Hulk. A luta da criatura verde com Thor é outro grande momento do filme e consegue equilibrar bem o humor com ação e aventura. Pena que a presença de Hulk não tenha sido mantida em segredo, caso contrário teria sido uma ótima surpresa dentro da história. Outro personagem da Marvel que faz uma participação, embora bem menor, é o Doutor Estranho, e ela já tinha sido divulgada na cena escondida do filme estrelado por Benedict Cumberbatch.

Um destaque do filme é a utilização da música “Immigrant Song” do Led Zeppelin, que faz menção à religião nórdica. A canção tinha sido usada nos trailers, então é interessante notar que ela também tenha papel fundamental em dois momentos chaves do longa. O ritmo dela foi muito bem encaixado na ação que é apresentada na tela.

Thor: Ragnarok” é um filme divertido, embora peque por querer ser engraçado demais. O protagonista mais parece um comediante do que um herói e isso não seria um problema se já não o tivéssemos visto-o com outra atitude em outros longas do MCU. O tom “engraçado demais” também prejudica os vilões, principalmente a personagem vivida por Cate Blanchett, que parece não saber se investe no humor caricato ou se leva a sério a vilanice. Mesmo com problemas, o saldo final é positivo e o diretor Taika Waititi conseguiu manter o padrão de qualidade da Marvel.

* Texto revisado por Elaine Andrade

 


Uma frase: – Odin: “O que você é, o deus dos martelos?”

Uma cena: A luta entre Thor e Hulk.

Uma curiosidade: Cate Blanchett interpreta a primeira vilã principal feminina em um filme da Marvel! Mas calma que ela só aceitou o papel para agradar os filhos, que são fãs dos quadrinhos da Marvel.


Thor: Ragnarok

Direção: Taika Waititi
Roteiro:
Eric Pearson
Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Idris Elba, Jeff Goldblum, Tessa Thompson, Karl Urban, Mark Ruffalo e Anthony Hopkins
Gênero: Ação, Aventura, Comédia
Ano: 2017
Duração: 130 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

4 comentários sobre “Crítica | Thor: Ragnarok

  1. esse filme me surpreendeu bastante. acho que podemos considerar uma comédia de fato. mesmo destoando do universo marvel e dos próprios filmes anteriores de Thor, achei que tudo funcionou bem. me diverti do começo ao fim com o humor e com as cenas de ação de qualidade. entrou no meu top 5 de filmes da marvel.

  2. Concordo contigo em relação à cena inicial que, realmente, não funciona. Pior, repete a mesma “piada” duas vezes.

    Mas a partir de Sakaar o filme fica incrivelmente divertido e o fato dele não se levar a sério, para mim, foi interessante.

    Estou mais concordando com o nobre Brauns do que contigo dessa vez.

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