Crítica | Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)

Crítica | Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)

Vivemos uma realidade onde as minorias começam a conquistar seus espaços pouco a pouco. Uma Mulher Fantástica aborda a história de Marina Vidal, uma transexual que trabalha como garçonete de dia e canta em um clube à noite, que acaba de perder seu companheiro Orlando (Francisco Reyes) e precisa enfrentar o medo diante da violência de gênero.

Marina não é uma mulher que abaixa a cabeça e nem se intimida com o desprezo. Em alguns momentos podemos perceber o pânico que enfrenta ao saber que perdeu o marido, todo o enfrentamento já lhe parece óbvio. Ela luta por dignidade e o reconhecimento de ser uma viúva.

O filme de Sebastian Lelio aborda uma realidade agressiva e nojenta de pessoas que não dão o mínimo respeito para aqueles que são vistos como diferentes. Mas não é uma obra que tenta sensibilizar através do choque ou da truculência. São nas situações difíceis que podemos conhecer melhor a verdadeira atitude dos outros e a partir do momento em que a protagonista tenta forçar as barreiras é que as coisas se complicam.

Todo o bom trato serve apenas para evitar uma fina camada de gelo que está prestes a ceder, a fim de resguardar a própria imagem. Um ato de pura hipocrisia que está disfarçado como respeito. O filme nos mostra que olhares e tratamentos para os transexuais ainda são desumanos, não respeitando o mínimo direito a uma identidade, de ser amado(a) .

Por outro lado temos ali uma história muito bonita. Não se trata apenas de amor ou militância. Para aqueles que não dispensam boas músicas, o longa nos presenteia com uma bela apresentação na voz da atriz. O papel cai como um terno sob medida para Daniela Vega.

Uma Mulher Fantástica é o título ideal pra quem precisa encarar uma realidade que está cada vez mais próxima e uma forma de alertar para a violência praticada no dia a dia em vários setores da discriminação. Acredito que essa obra tem muitas chances de concorrer ao Oscar. Não é um exagero dizer que, no mínimo, poderemos ver Daniela Vega concorrendo como melhor atriz.

 


 

Uma frase: “São Francisco não disse ‘Me dê amor, me dê paz, me dê iisso e aquilo.’ Ele disse ‘Faça-me caminho para tua paz'”

Uma cena:  Marina enfrentando a família para ter a cadela de volta.

Uma curiosidade: Recomendo que assistam o filme Glória, do mesmo diretor.

 

 


 

Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)

Direção:  Sebastián Lelio
Roteiro: Gonzalo MazaSebastián Lelio
Elenco:  Daniela VegaFrancisco ReyesLuis Gnecco, Aline Küppenheim

Gênero: Drama
Ano: 2017
Duração: 84 minutos.

 

 

Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

2 comentários sobre “Crítica | Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)

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