Crítica | O Castelo de Vidro (The Glass Castle)

Crítica | O Castelo de Vidro (The Glass Castle)
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Em O Castelo de Vidro acompanhamos a história da escritora Jeannette Walls (Brie Larson) como uma jovem moradora em Nova Iorque , encaminhando-se para o que é normatizado como uma vida de sucesso, enquanto paralelamente assistimos sua convivência com a mãe, Rose Mary (Naomi Watts), seus irmãos e, principalmente, seu pai Rex (Woody Harrelson).

Existe um consenso de que os filhos bem sucedidos, educados ou estruturados têm influência direta do método de criação dos pais e que a base dada na juventude pode ajudar na construção para um futuro melhor. O roteirista Andrew Lanham e o diretor Destin Daniel Cretton trazem a adaptação do livro de Jeannette Walls para repensar sobre isso.

“Eu jamais deixaria algo ruim acontecer com você.”

A história se passa em dois períodos: Primeiro a sua infância e adolescência, durante os anos 70, enquanto Jeannette vive com seus pais e mais três irmãos, pulando de casa em casa e mudando constantemente para outras cidades. E o segundo período em 89, quando ela já está uma mulher, bem empregada, preparando-se para o noivado com um rapaz de família rica e morando em um luxuoso apartamento.

Seus pais tentam ensinar que é possível viver com um estilo de vida alternativo, enquanto planejam um lar ideal para o convívio da família, longe da cidade e toda a opressão do sistema. Esse projeto é o Castelo de Vidro, uma casa onde as necessidades de todos seriam atendidas, um lar ideal para uma família não convencional.

“Eu sou igual a você. E gosto disso.”

Na metade do longa conhecemos os avós paternos de Jeannette e nessa parte é que entendemos alguns detalhes. Rex herdou da mãe o gosto por leitura e aprendizado, mas também suas atitudes disfuncionais para educar. Daí é possível notar que a relação entre avó, pai e neta gera um ciclo que vai se rompendo aos poucos: os filhos sentem-se sufocados e não querem ser como os pais: embora preservem algumas de suas atitudes, tentam escapar daquilo que lhes é nocivo. No fim, se tornam parte do que se recusaram a aceitar.

O filme tem um apelo emocional, ele vai tentando convencer que, por mais ortodoxo que Rex seja em seus métodos, ali existe também um pai dedicado e amável. Tudo o que ele faz leva a uma decisão importante no futuro da família e sobretudo na vida Jeannette, que é a primeira pessoa que se atenta de que aquilo pode não proporcionar o futuro que esperam.

Antes de julgar se viver de uma maneira alternativa ou se os modos são é bons ou não para uma pessoa em formação, O Castelo de Vidro nos convida a refletir sobre toda a construção envolvida no processo de ser pai e mãe. Aborda o tema da parentalidade na nossa sociedade e sobretudo questiona sobre até que ponto na vida somos parecidos com os nossos pais.


Uma frase: “Os burgueses da cidade vivem em apartamentos elegantes, mas o ar deles é tão poluído que nem conseguem ver as estrelas. Só sendo louco pra trocar de lugar com algum deles.”

Uma cena: Jeannette assumindo publicamente as suas origens no último jantar e entendendo que só chegou até ali graças ao que tanto renegou.

Uma curiosidade: O filme tem cenas extras durante os créditos. Vale a pena assistir.


O Castelo de Vidro (The Glass Castle)

Direção: Destin Daniel Cretton
Roteiro:  Andrew Lanham 
Elenco: Brie Larson, Sarah Snook, Naomi Watts, Woody Harrelson.
Gênero: Drama
Ano: 2017
Duração: 127 minutos.

 

 

Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

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