Crítica | Game of Thrones – 7×07: The Dragon and the Wolf

Crítica | Game of Thrones – 7×07: The Dragon and the Wolf

No qual um ciclo se encerra e antigos fantasmas são invocados e recebem uma justiça já há muito devida.

O sétimo e último episódio da sétima temporada de Game of Thrones supera o anterior, entrega muitas recompensas mas, talvez, a um custo de uma certa consistência narrativa. Ou será que não?

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados em The Dragon and the Wolf, o sétimo e último episódio da sétima temporada de Game of Thrones.

#GoT (S07E07) – The Dragon and the Wolf

Você seria capaz de dizer quem é a personagem mais importante da série Game of Thrones? Ou mesmo a mais importante do último episódio da sétima temporada? Vou lhe dar um tempo para ponderar sobre isso.

Não. Não é Daenerys Targaryen. Ela sem dúvida é uma das personagens principais da série. Daenerys é claramente a versão de Martin para a rainha Elizabeth I. Os paralelos são tantos que nem é preciso mencionar. Mas quem conhece um pouco de história deve imaginar como o arco narrativo da personagem se conduzirá. Não há muitas dúvidas, para mim, que Daenerys será a rainha soberana de Westeros após vencer o jogo dos tronos. A pergunta crucial, porém, diz respeito mais a que espólios ela irá colher, e que sacrifícios mais deverá fazer.

Já vimos alguns desses sacrifícios, mais recentemente a morte de Viserion, e como esse evento pareceu operar uma sutil mais significativa mudança de atitude na mãe dos dragões. No encontro com os outros senhores de Westeros, na mesma arena que um dia reduziu a dignidade de tudo que ela representa a pó, Daenerys entendeu o valor da humildade e abriu mão de sua arrogância perante a mais arrogante e perigosa de suas inimigas. Para mim, em um mero olhar e um meneio de cabeça Emilia Clarke demonstrou toda a sua força como atriz. Ali, naquele momento, Daenerys Targaryen se tornou a rainha legítima de Westeros.

Digamos então, em se tratando de rainhas, que a personagem mais importante da série seja Cersei Lannister. Ora, sem dúvida Cersei tem um dos melhores arcos de personagem de toda a série. E quando imaginamos que esse arco irá se exaurir, a perspectiva de mais um filho em seu ventre faz a leoa renascer, e resgata um pouco de sua razão que parecia totalmente perdida. Os Lannister sem dúvida alguma são uma peça crucial na história. São eles – junto com outros personagens como Mindinho e Varys – que fazem a trama se mover.

Mas seria exagero afirmar que eles são os protagonistas. Não, os Lannisters são os antagonistas. E ainda que Cersei tenha ficado presa em uma versão estereotipada de si mesma ao longo das últimas temporadas, mesmo assim não se pode negar que são antagonistas esplendidamente construídos com camadas e camadas que, embora nem sempre sejam bem aproveitadas pelos roteiristas, tampouco podem ser ignoradas. Cersei, sem dúvida, por sua própria força e empenho se tornou a chefe da família e a mais importante dos Lannisters. Ela é a principal antagonista da série e, como se sabe, uma série e seus heróis apenas são tão bons quanto seus antagonistas. Assim, embora cersei Lannister seja uma peça fundamental na trama, não, ela também não é a personagem mais importante de Game of Thrones.

Bom então talvez o personagem mais importante da série seja Jon Snow. Ou melhor, Aegon Targaryen (O provavelmente o VI de seu nome). O príncipe desconhecido. Filho de um amor proibido que iniciou uma guerra que reconfigurou todo o poder dos sete reinos. Tendo sua origem escondida de si próprio, pela força de uma promessa, para proteger sua vida. Criado como um bastardo por seu tipo, que ele sempre pensou que fosse seu pai, sofrendo as maiores humilhações nas mãos da esposa dele.

Essa talvez seja uma das histórias de herói mais bem desenvolvidas que já tive oportunidade de ver. Jon Snow é a própria encarnação da jornada do herói, recorrendo inclusive a temas messiânicos, na obra de Martin. É graças a ele, mais do que aos dragões, que Game of Thrones ganha seu tom épico, para o bem e para o mal. Ele, sem dúvida alguma, é o herói da história. Porém, ainda não é o personagem mais importante.

Para os orgulhosos lobos de Winterfell, a propósito, Jon Snow – assim como seu lobo Ghost – era o proverbial “runt of the litter”. Ele estava abaixo até mesmo de Theon Greyjoy, o jovem refém criado entre os irmãos Stark como se um deles fosse. E mesmo não sendo filho de Ned Stark, ele acreditava piamente que o fosse. E sendo o bastardo Jon Snow tomava, mais do que todos os outros, a figura de Ned Stark como referência. Não por acaso, cada erro cometido por Jon Snow ao longo de toda a série menos reflete sua também proverbial estupidez do que seu amor e admiração por Ned Stark. Acima de tudo é isso que ele é: o verdadeiro filho de Ned Stark.

Então, chegamos aquele que sem dúvida é a principal personagem da série. Seu próprio centro de gravidade em torno do qual toda a trama se desvela e gira desde o primeiro episódio até o último. E essa personagem é Ned Stark.

Sim, Ned Stark.

Game of Thrones é a história da família Stark, afinal. Suas agruras – e quantas agruras – e conquistas. Como, após a morte do patriarca, uma das mais poderosas famílias de Westeros praticamente foi aniquilada, lançando cada um dos filhos em uma jornada pessoal que, de uma forma ou de outra, definiria o futuro de todo um mundo. A morte de Ned Stark, enfim, definiria para sempre os caminhos de cada uma daquelas pessoas que compunham sua família.

Um bom exemplo disso que estou falando é a cena no último episódio entre Theon e Jon Snow. Alfie Allen não cansa de me impressionar como ator. Seu personagem talvez seja um dos mais difíceis – a lado de Jamie Lannister – de toda a série. Alguém que transita por todos os campos do desprezível: primeiro como um fanfarrão prepotente, depois como um traidor, em seguida como um farrapo humano e, quando aparentemente recupera sua dignidade, é mais uma vez marcado pela desprezível – pelo menos da perspectiva dos Ironborn – mancha da covardia. Ainda assim, apesar disso tudo, ainda conseguimos ter, graças a atuação de Allen, alguma empatia com aquele ser que não carece de motivos para ser classificado de verme.

Theon, porém, enquanto personagem, teve dois grandes momentos de revelação na trama inteira. O primeiro, e mais importante, foi quando tentava fugir de Ramsey Bolton e se deu conta de que o homem que o havia criado, Ned Stark, era um pai mais amoroso e dedicado do que seu pai biológico jamais seria. Naquele momento Theon Greyjoy começou a ser destruído. Mas ele ainda não sabia como se reconstruir e por uns tempos ele foi apenas Reek. Retomar os laços com sua irmã ajudou um pouco, porém nada foi tão importante quanto a reconciliação com Jon Snow.

Importante pois, naquele momento, duas coisas aconteceram. Primeiro Theon Greyjoy foi perdoado por aquele que se tornou a imagem viva de Ned Stark e que ainda se tornou Rei do Norte erguendo-se do nada para um destino jamais sonhado. Naquele momento também Jon Snow enfim superou seu pai e abriu o caminho para a última etapa de sua jornada, não mais como o filho de Ned Stark, mas como algo além, ainda por se definir.

Outro momento que ecoou Ned Stark foi o julgamento de Lorde Baelish pelas irmãs Stark. Após tentar fomentar a intriga entre as irmãs Mindinho cometeu um erro crucial. Ele presumiu que Arya queria se tornar Lady de Winterfell, e ao assim fazê-lo, despertou para Sansa a percepção de que estava sendo manipulada. Foi o suficiente para lembrar a Mindinho, diante de uma série de testemunhas, de todos os crimes que cometera desde a morte de Jon Arryn no início da primeira temporada.

Aos que devem estar se questionando como Sansa sabia tanto, bem, lembremos que ela tem o Corvo de Três Olhos ao lado dela. Claro que o uso da ferramenta narrativa Bran Stark na trama sempre tende a ser bem conveniente. Porém, o destino de Mindinho já havia sido prenunciado quando Bran revelou a ele – “O Caos é uma escada.” – que tinha amplo conhecimento de cada um dos atos do maquiavélico Baelish. Era apenas questão de tempo para que uma justiça, há muito devida, fosse feita. E ela veio rápida e elegante pelas mãos de Arya Stark e pela sentença de Sansa. Se para Ned o homem que dá a sentença deve ser aquele que a executa, para as mulheres talvez haja um jeito diferente de se fazer as coisas. Parece que uma nova era se inicia em Winterfell, assim como nos Setes Reinos.

De uma forma ou de outra, em ambos os casos as ações dos últimos cinco “herdeiros” de Ned Stark, evocam seu espírito e, sobretudo, provém o pano de fundo da trama emocional que interliga todos aqueles destinos desde o princípio. Como bem disse Jon a Theon, Ned Stark ainda vive em cada um deles. Ele é sem dúvida a personagem mais importante de toda a narrativa.

Achei oportuno lembrar disso para confrontar um dos pontos mais polêmicos em relação a Game of Thrones na atualidade. Afinal, a série se perdeu? Perdeu seu rumo? Tornou-se incoerente? Fracassou ao se distanciar demais do tom mais sóbrio, contido e cadenciado que lhe parecia ser característico desde o primeiro momento? E afinal, deixou mesmo de ser uma boa série sobre intrigas palacianas e se degradou em uma fanfic? Creio que todos esses questionamentos merecem uma reflexão sincera. Para alguns ouso algumas respostas. Para outro, fica difícil responder antes de outras evidências – como por exemplo a oitava temporada e os últimos livros de Martin – serem apresentadas a audiência.

Não há muito espaço para duvergênciaà queda na qualidade dos roteiros, isso parece ser bem evidente, sem muito espaço para divergência. É difícil negar que a qualidade dos diálogos caiu e que as soluções propostas para diversos pontos da trama foi bastante preguiçosa. Isso ficou bem evidente no desastroso episódio 6 da sétima temporada, no qual todos os problemas que vinham perpassando a série já há algum tempo pareceram se manifestar.

É preciso, porém, separar soluções e conduções menos elegantes de ideias ruins. Ou mesmo que essas ideias, o ponto ao qual a história foi conduzida, mais especificamente, possam importar em um distanciamento necessário do material original. Por mais que insistam que Martin não tem mais qualquer relação com a série, isso não é bem verdade. Ficou bem estabelecido que, no momento em que o material original se exauriu, o escritor teria se reunido com os criadores da série e teria “lhes contado o final”.

Ouso apostar que nenhum dos eventos mais importantes, assim, narrados ao longo dessa temporada e da última, divirjam significativamente da visão original de Martin. O problema, sem dúvida, reside nas soluções pensadas pelos roteiristas para se conduzir os eventos de um determinado ponto ao outro para se alcançar aqueles eventos chave propostos por Martin.

Alguns eventos chaves que sem dúvida estão presentes nas ideias de Martin? A união entre Jon e Daenerys; a morte de Viserion e sua transformação em um Dragão Morto-vivo que tem uma baforada mística de gelo (?), com o objetivo principalmente de derrubar a muralha; talvez esses sejam os mais importantes, e os que têm sido mais mencionados como evidência de que a série se perdeu. Bem, se eu estiver certo, e essas ideias fazem parte das ideias originais do criador, é difícil dizer que apenas pela apresentação das mesmas, que a série tenha se perdido.

E como eu posso estar tão certo de que essas ideias eram originais? Bem, além do fato de ser uma suposição honesta considerando o já mencionado fato de que Martin narrou o fim da série para Weiss e Benioff, há outro que merece destaque: tudo que vem ocorrendo até agora é plenamente coerente dentro do cenário e da trama geral. Não me refiro precisamente às soluções, como já apontei, nem ignoro os problemas do penúltimo e desastroso episódio. Porém, se pararmos para observar, por exemplo, que a origem de Jon Snow sempre foi um ponto central da trama, faz todo sentido que, ao descobrirmos que ele é um Targaryen, o mesmo venha a se aliar à última Targaryen, para juntos vencerem o grande inimigo comum, os exércitos dos mortos.

Da mesma forma, não é surpreendente que um dragão de gelo tenha surgido para destruir a Muralha. A teoria, aliás, já vinha sendo objeto de especulações na internet há algum tempo. Porém, teorias assim não costumam nascer por geração espontânea no éter. Elas normalmente são bem fundamentadas em elementos – foreshadowings – que vão sendo lançados ao longo da trama. Já era sabido, por exemplo, que apesar dos Wights – os morto-vivos reanimados pelo Night King – serem capazes de atravessar a muralha – vimos alguns dele atormentado o Norte e em Castle Black na primeira temporada – os White Walkers não podiam fazer o mesmo.

A Muralha, afinal, é uma barreira sobretudo mística que mantinha o Night King e seus White Walkers afastados de Westeros. Em termos narrativos, assim, ela precisava cair para que a ameaça dos exércitos dos mortos se tornasse real. E como já apontavam algumas teorias, o Night King precisava derrubar a muralha através de um ritual místico que exigia um ingrediente muito importante: um dragão morto-vivo com habilidade de soltar baforadas – provavelmente – de gelo. Dessa perspectiva, inclusive, as ações do Night King e dos White Walkers no penúltimo episódio fazem muito mais sentido. Parece claro, agora, que ele aguardava especificamente pelos dragões de Daenerys e que era mais importante para ele garantir a morte de um deles do que destruir algum dos membros daquele grupo de aventureiros que, em verdade, lhe oferecia pouca ameaça.

Há assim uma consistência aí, desenvolvida ao longo de sete temporadas, que sobretudo foram uma grande preparação para uma batalha climática final, que não pode ser ignorada. Claro, é sabido, se a condução não fosse tão apressada talvez os resultados fossem muito melhores. Porém, afirmar que a série se tornou incoerente ou se perdeu seria não observar a progressão do todo e formar um juízo um tanto quanto injusto.

Acho que cabe também apontar aqui que,  roteiros passaram a abusar da elisão narrativa. Muitas vezes essa elisão se dava na forma de saltos de tempo, particularmente estranhas a Game of Thrones, e que incomodavam bastante a audiência. Em outros momentosa opção dos produtores em acelerar a trama, por mais que compreensível, tenha sido um dos principais motivadores de problemas de roteiro. Porém, a elisão se dava de outra forma. Passou a se exigir da audiência que presumisse, mais do que estavam acostumados, ações e diálogos entre personagens, pulando alguns detalhes que, no passado, compunham uma parte importante da tessitura narrativa do seriado.

Assim, quando vemos Sansa julgando Mindinho, por um instante nos perguntamos de como ela sabe daquilo tudo? Mas logo em seguida vemos Bran interceder narrando a visão que teve da cena em que seu poi foi traído, e somos levados a considerar que é bem provável que o Corvo de Três Olhos tenha revelado à sua irmão tudo que precisava saber sobre seu traiçoeiro aliado. Por outro lado, há quem questione os motivos de Bran esconder a verdadeira origem de Jon de suas irmãs, e revela-la, convenientemente, apenas para Sam. Apesar da cena em si não ter sido bem escrita e ter servido unicamente como uma ferramenta escancarada de diálogo expositivo, não é demais presumir que Bran sabia que, revelar que Jon não era o senhor de Winterfell por direito, apenas fragilizaria sua posição, principalmente considerando a inclinação de Sansa em querer tomar o poder. Faria sentido, assim, que ele desabafasse apenas com aquele que ele sabia ser o melhor amigo de Jon.

Porém, mais uma vez, a audiência é exigida a presumir tais relações, e isso, além de levar a divergências interpretativas que tendem a desagradar, também incomoda em si, na medida em que se fortalece a sensação de que as sutilezas tão características de Game Thrones foram sacrificadas em favor de uma história maior; um épico de amor e aventura que tem como grande vilã uma rainha má. Seria só isso?

Bem, não há nada de errado em ser apenas isso. Afinal, como eu sempre disse, Game of Thrones sempre foi desde o princípio uma grande história de fantasia. Seu diferencial era que a magia, a princípio, não ocupava um papel decisivo nas relações entre coisas e pessoas o que levava a composição de forças e poderes a se aproximarem de uma dinâmica de nossa realidade. E isso reforçava também uma sensação de verossimilhança.

Ciente disso, Martin sempre apostou nas intrigas palacianas para movimentar sua trama inicial. Se não são as forças sobrenaturais que movem os destinos das pessoas, pelo menos da maneira que tipicamente se dá em outras narrativas épicas, então era preciso que as ações das pessoas fosse essa força motriz. Porém as forças sobrenaturais estavam lá, desde o primeiro episódio. A princípio sutis, mas avançando, como o exército dos mortos e como o crescimento dos dragões de Daenerys, lenta e progressivamente, até tomar as dimensões que deveriam. Isso levou muitas pessoas a acharem que a série era uma série sobre intrigas e que tinha na capacidade de surpreender seu principal destaque. Mas não era exatamente isso.

É evidente que Martin se diverte ao longo da obra ao surpreender seu leitor. As reviravoltas são de fato deliciosas. Porém elas servem – como deve ser – a uma narrativa maior. Narrativa essa que, a medida que se conclui, precisa entregar algum tipo de recompensa. E boa parte das recompensas em Game of Thrones sempre estiveram relacionadas a solução de mistérios sobrenaturais – sobre quem eram os White Walkers e quais suas intenções principalmente – ou à realização de profecias – não é verdade, afinal, que desde que soubemos do Azor Ahai nos questionamos acerca de sua identidade?

E afinal, chega uma hora que as surpresas precisam acabar, não é mesmo? Diversas séries – Lost é o grande exemplo que me vem a cabeça agora – se perderam justamente por se preocupar mais em fazer reviravoltas do que em contar uma boa história. Então, não, eu não me incomodo em não me surpreender mais tanto assim. Principalmente se considerarmos que a série tornou-se tão popular, com tanta gente debatendo teorias, que ficaria difícil que nenhuma delas ainda que remotamente passasse perto da verdade. Isso para mim, aliás, é mais uma evidência da consistência.

Para mim, enfim, esse último episódio foi imensamente satisfatório em diversos aspectos. Não me considero um aficionado incapaz de criticar o que acho ruim, e creio que minha última crítica deixa isso bem claro. Porém houve recompensa, e recompensas são importantes em narrativa. Nos envolvemos com elas justamente por sabermos que nesse ponto elas diferem de nossa vida arbitrária e por vezes vazia. Parece ser esse um traço universal comum ao homem, inclusive. E a recompensa desse episódio não está apenas no golpe mortal de Arya que corta a garganta de Mindinho; ou na cena tórrida entre Daenerys e Jon Snow. A recompensa é de outra monta. É perceber como diversas cenas desse episódio parecem dialogar e responder a diversos momentos da primeira temporada, fechando de forma muito competente um ciclo. O ciclo que envolve a morte de Ned Stark.

A propósito, foi por esse motivo que comecei falando de Ned. Ou melhor, chamando a atenção para aquele que seria o personagem mais importante de toda a trama. O personagem do qual toda a trama parece nascer a partir de seu cadáver. Quando se entende isso, pelo menos do meu ponto de vista, fica mais fácil entender como há uma grande consistência na narrativa de Game of Thrones.

Da mesma forma, é possível afirmar que, embora haja claros problemas de execução, a série não se desvirtuou. Não perdeu sua essência. Sua essência era o espírito de Ned Stark e este, mais do que qualquer outra coisa, foi respeitosamente honrado nesse último episódio de temporada. Tudo indica que um grande ciclo se encerrou, e que agora o que resta é apenas a grande batalha contra os mortos, e a disputa final pelo trono de ferro.

Só nos resta então aguardar até a temporada final.


Série: Game of Thrones
Temporada: 7ª
Episódio: 07
Título: The Dragon and the Wolf
Roteiro: David Benioff e D.B. Weiss
Direção: Jeremy Podeswa
Elenco: Kit Harington, Peter Dinklage, Emilia ClarkeLiam CunninghamSophie TurnerAidan GillenMaisie Williams,  Rory McCannKristofer HivjuIain GlenRichard DormerGwendoline ChristieAlfie Allen, Jacob Anderson, Pilou AsbækHafþór Júlíus BjörnssonJohn BradleyNathalie EmmanuelLena HeadeyNikolaj Coster-WaldauIsaac Hempstead WrightConleth Hill, Daniel Portman e Anton Lesser.
Graus de KB: 2 – Alfie Allen atuou em Desejo e Reparação (2007) ao lado de Benedict Cumberbatch, que esteve em Aliança do Crime (2015) ao lado de Kevin Bacon.


 

Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

6 comentários sobre “Crítica | Game of Thrones – 7×07: The Dragon and the Wolf

  1. Porra man, que análise fantástica. Parabéns pelo texto e pela reflexão em torno desse final de temporada. Só não concordo com a nota 5 bacons, mas no resto as teorias estão muito boas.

  2. Man!! Eu li e assistir muito sobre a serie pela net, sobre esta temporada e sobre este ultimo episodio!! Tenho que dizer que voce arrasou! Haja visto que alguns, como na omelete mesmo, salvo o Erico Borgo, os outros dois estavam falando mal desta temporada e episodio. Mas acho que a essencia de GoT ainda vive. Que alguns detalhes que puderam puxar um pouco a qualidade, de alguma forma, para baixo, podem ser superadas. Enfim, muito boa a sua analise.

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