Crítica | Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)

Crítica | Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)

Em Ritmo de Fuga” é um filme que é puro cinema! Edgar Wright mostra mais uma vez que é um dos diretores mais talentosos e criativos da atualidade. O longa explora de forma brilhante todos os elementos da 7ª arte. E a primeira coisa que chama a atenção é a trilha sonora.

O diretor fez uma fantástica seleção de músicas para a trilha, passando por diversos gêneros musicais. Elas foram incorporadas ao roteiro de forma brilhante. As letras, o ritmo e alguns detalhes das canções foram escolhidas e adequadas perfeitamente à história. O melhor exemplo disso é a cena de abertura na qual o protagonista Baby (Ansel Elgort) caminha pela rua indo comprar um café. Ela foi filmada sem cortes seguindo o personagem e cada movimento do ator foi sincronizado à música de fundo. Temos algumas gags visuais, como em um momento que ele para na frente da vitrine de uma loja de música e finge estar tocando um trompete no exato momento que o instrumento surge na música.

Não faltam também trechos das letras usados nos diálogos referenciando as músicas ou conversas sobre artistas, canções ou da importância dessas na vida dos personagens. Mas não só as músicas são fundamentais, como também a mixagem de som tem um papel importante. Por exemplo: o protagonista tem um problema de audição e houve uns ruídos. Então, eventualmente o filme nos lembra disso ao emular os mesmos sons para o espectador. Além disso, a forma como a trilha sonora é incorporada à história de forma diegética, isto é, dentro da narrativa, é muito bem realizada. Um exemplo disso é que Baby sempre está usando seus fones de ouvido, então quando ele os tira a música diminui ou para.

Wright também usa rimas visuais bem criativas, como ao mostrar uma máquina de lavar e na sequência um toca discos, ambos girando do mesmo jeito. Ele é um diretor que valoriza bastante a parte visual de seus filmes. É interessante notar como, por exemplo, ele constrói um confronto entre dois personagens – inspirado em faroestes – onde cada um deles está dentro de um carro.

É legal como o filme é sobre assaltos, mas eles são sempre mostrados do ponto de vista de Baby, que é apenas o motorista. Então o crime em si não é visualizado na tela, apenas a parte da fuga. Mas o longa de Wright não é apenas sobre isso. É sobre música – já que algumas cenas parecem saídas de um musical – e tem também espaço para romance, drama e comédia, passando por esses gêneros de forma coerente e satisfatória.

Na história, Doc (Kevin Spacey) é um homem que organiza assaltos e sempre convoca Baby para ser o motorista. As habilidades do piloto impressionam enquanto o seu jeito calado sempre usando óculos escuros e fone de ouvidos dão a impressão de que ele tem algum “problema”. De fato ele teve um trauma na infância e o longa aos poucos vai mostrando detalhes sobre isso em forma de flashbacks. Um deles mostra de forma muito eficiente o ocorrido apenas utilizando imagens, sem diálogos, mostrando mais uma vez o quanto o diretor valoriza a parte visual do filme.

Apesar de ser de certa forma um criminoso – mesmo sendo apenas o motorista de fuga -, existe um algo mais por trás do passado de Baby e seu envolvimento com Doc. Esse mistério torna o protagonista ainda mais interessante. Assim como o fato dele tomar conta de um idoso com problemas de audição. Quando ele conhece Debora (Lily James), uma garçonete que também está sempre usando fone de ouvidos e apaixonada por música, o personagem vê um novo motivo para mudar de vida.

O filme tem romance, música, mas na verdade ele é sobre assaltos e fugas de carro. E nesse quesito o longa de Edgar Wright também funciona com maestria. As cenas de ação são muito boas e feitas de verdade com pouco uso de efeitos visuais. Dessa forma, as perseguições de carro parecem reais e impressionam com seu ritmo acelerado.

Em Ritmo de Fuga” é um filme divertido, criativo, inteligente e muito bem executado. Edgar Wright mostra mais uma vez que é um dos melhores diretores da atualidade ao misturar perseguições de carro com uma excelente trilha sonora e pitadas de romance.


Uma frase: – Doc: “Ele estava lento?”

Uma cena: A abertura do filme na qual Baby está andando pela rua indo comprar café.

Uma curiosidade: A cena no início do filme onde Baby está indo comprar café teve 28 takes. O 21º take foi usado no filme.

 


Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)

Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright
Elenco: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Lily James, Eiza González, Jon Hamm, Jamie Foxx e Jon Bernthal
Gênero: Ação, Crime, Música
Ano: 2017
Duração: 113 minutos
Graus de KB: 1! Jon Bernthal e Kevin Bacon estiveram juntos em “Ligados Pelo Crime” (2007)

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

6 comentários sobre “Crítica | Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *