Crítica | Sepultura Endurance

Crítica | Sepultura Endurance

O documentário “Sepultura Endurance” dirigido por Otavio Juliano acompanhou a trajetória da banda por 7 anos na turnê pelos quatro continentes. Foram mais de 800 horas de filmagens que resultaram em um longa de 100 minutos. O filme começa meio confuso durante os bastidores de algum show mostrando um pouco da rotina do grupo. O longa não demora para se encontrar ao fazer seu primeiro flashback mostrando a viagem do conjunto a Amazônia para encontrar com os índios xavantes e realizar gravações para o disco “Roots”, lançado em 1996. A partir daí o documentário volta para o começo da carreira da banda e segue um caminho cronológico e padrão. Então nesse ponto o início faz mais sentido na intenção de não tornar o filme muito convencional.

O longa consegue fazer um resumo básico sobre a carreira da banda. Ele mostra que após a saída dos irmãos Cavalera, primeiro e mais importante marco foi Max (guitarra, vocal e principal letrista) e anos depois Iggor, o grupo teve que recomeçar. A primeira coisa foi a escolha de um novo vocalista: Derrick Green. Além dessa, outras dificuldades são apresentadas no filme, como por exemplo a difícil vida na estrada, uma vez que os integrantes passam muito tempo longe de suas famílias. Esse inclusive foi o motivo da saída de Jean Dolabella, segundo baterista a passar pelo conjunto. O momento no qual ele conversa com o resto da banda é um dos mais interessantes de “Sepultura Endurance”.

O Sepultura é uma banda que já se apresentou no mundo todo com um enorme reconhecimento mundial, mas infelizmente no Brasil isso nunca foi reconhecido como um marco importante de um artista do país. O principal preconceito é o fato das músicas serem em inglês, além do gênero heavy metal não ser tão popular entre a “grande massa”. Então o filme tem entrevistas importantes com músicos de bandas famosas internacionalmente para comprovar o prestígio que o grupo tem no meio musical. É ótimo ver o depoimento de gente como David Ellefson (baixista do Megadeth), Lars Ulrich (baterista do Metallica), entre outros, falando da importância do conjunto e de como são fãs das músicas.
Temos também depoimentos de artistas brasileiros como João Gordo, vocalista do Ratos de Porão que foi muito próximo a banda, e Serginho Groisman, apresentador de televisão. Um momento importante é a presença de Jairo, o primeiro guitarrista do Sepultura, que participou apenas do primeiro disco da banda. Ele conta um pouco de sua influência no som do grupo e sobre sua decisão de ter saído do conjunto.

Entre os próprios integrantes do Sepultura, quem mais fala é Andreas Kisser, guitarrista do grupo. Ele aparece em estúdio contando sobre como surgiram algumas das músicas do Sepultura ou em Belo Horizonte, cidade natal da banda, contando como foi sua entrada no grupo. Essa visita a cidade é bem interessante e mostra ele e Paulo Jr. (baixista e único membro original que ainda está no Sepultura) indo na loja da Cogumelo Records, a primeira gravadora do conjunto.

Infelizmente os depoimentos de Max e Iggor fazem falta, já que os irmãos Cavalera são os fundadores da banda. Eles aparecem em fotos, imagens e vídeos, mas seria ótimo ter entrevistas atuais com eles contando sua versão da história, do início e principalmente do começo da carreira. Uma pena. Ainda assim o documentário tenta ser imparcial e mostra a importância deles no Sepultura. Mas a versão da saída de Max, por exemplo, fica apenas no que é contado por Kisser.
O resultado final é positivo em conseguir fazer um bom apanhado da carreira do conjunto. O longa apresenta boas imagens de arquivo com vídeos e fotos, além de trechos do show de 30 anos do grupo, alternando com as entrevistas. Fica aquele sentimento triste de como a banda poderia ter conseguido algo ainda maior se não fosse a briga entre seus integrantes que resultou na saída de Max. Mas é impressionante ver como o grupo conseguiu seguir em frente e se restabeleceu, mesmo que em menor tamanho. Um ótimo registro que tem tudo para agradar os fãs do Sepultura.


Uma frase: – Scott Ian (Anthrax): “É como o som do Apocalipse!” (se referindo a uma música do Sepultura)

Uma cena: O baterista Jean Dolabella conversando com Paulo, Andreas e Derrick sobre sentir falta da família.

Uma curiosidade: As filmagens de shows foram realizadas durante a turnê da banda na América do Norte.


Sepultura Endurance

Direção: Otavio Juliano
Elenco: Andreas Kisser, Derrick Green, Paulo Jr. , Eloy Casagrande, Jairo Guedez, Jean Dolabella, Corey Taylor, David Ellefson, João Gordo, Phil Anselmo, Phil Campbell, Scott Ian, Serginho Groisman, Todd Singerman e Lars Ulrich
Gênero: Documentário
Ano: 2017
Duração: 100 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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