24: Legacy – Primeiras Impressões

24: Legacy – Primeiras Impressões

24 Horas, uma das séries de TV mais importantes e influentes dos últimos 20 anos ressurge das cinzas. Dessa vez com um novo elenco e protagonista para tentar atrair uma nova geração de fãs, além de resgatar os mais antigos. Uma estratégia ousada, considerando que poucas séries são tão atreladas ao seu personagem principal quanto esta. Jack Bauer sai de cena para dar lugar ao jovem Eric Carter. Um militar de elite, vivendo na reserva e em sigilo após participar de uma histórica e importante missão para o governo dos EUA.

Claro que há um receio muito grande sempre que uma franquia forte, como esta, tenta estabelecer um novo arco com novos personagens. Mas há precedentes: Star Trek, por exemplo. Enquanto no começo alguns torciam o nariz para uma série sem o Capitão Kirk e companhia, “A Nova Geração” chegou para conquistar seu espaço e muitos (eu, inclusive) consideram a melhor encarnação da saga.

Mas com uma série mais centralizada em um personagem, ainda mais icônico, como é o caso de Jack, as coisas parecem ser um pouco mais difíceis. A internet ficou muito receosa e teve dificuldades de aceitar a substituição do personagem de Kiefer Sutherland por um ator pouco conhecido (Corey Hawkins, de Straight Outta Compton). No entanto, eu não tive este receio, e, após assistir os dois episódio inaugurais do spin off, posso afirmar com toda a certeza: 24: Legacy funciona, e funciona muito bem.

Em primeiro lugar porque Hawkins assume bem o papel que lhe é conferido. É um bom ator, passa confiança ao personagem – que por si, apesar dos clichês de “passado sombrio” e “traumático”, parece ser bem interessante e instiga o espectador a querer conhecê-lo melhor. Ainda não sabemos quais linhas ele será capaz de cruzar para chegar ao seu objetivo (Bauer praticamente cruzou todas aos longo de suas nove temporadas), mas nitidamente é um personagem cinzento, tendo demonstrado que é, sim, capaz de quebrar algumas regras (como certas ações reprováveis que realiza ao final do segundo episódio).

No entanto, 24 Horas foi uma série que sempre dependeu não só de seus personagens, mas de seu formato inovador para segurar seu público. E aqui, podemos dizer que a fórmula permanece intacta. A série transcorre em tempo real, cada episódio retratando uma hora do dia de Eric. As subnarrativas que se ramificam em conjunto, as telas dividas, o cronômetro – está tudo lá, da mesma forma que nos acostumamos e amamos (apesar de alguns pequenas diferenças estéticas). O clima é tenso, como eram os melhores episódios da série original. As cenas de ação também não deixam nada a desejar. O clima de paranóia está mais forte do que nunca – exceto talvez pelo próprio Eric, não sabemos em quem confiar.

Como sempre, o plot gira em torno de uma ameaça terrorista em solo americano. Carter é tragado para o olho do furacão quando descobre que um dos membros de seu antigo esquadrão subtraiu um cofre do abrigo de um líder terrorista durante uma missão. Esse cofre aparentemente contém a chave para um ataque em massa, e recuperá-lo à qualquer custo, antes que caia em mãos erradas, vira sua prioridade – ainda que tenha de passar por cima de algumas pessoas para isso. Por descobrir o envolvimento de algum agente de alto escalão e sem saber bem em quem confiar, Carter passa a agir como um agente clandestino, nas sombras e com pouco auxílio ou recursos ao seu dispor. A CTU aparece novamente como pano de fundo das operações, embora Eric não esteja diretamente ligado a eles. A corrida contra o tempo e as situações impossíveis, marcas registradas da série, estão lá para dar o ar de sua graça.

Em suma, um começo promissor, para aquele que parece um respiro de ar fresco para aquela que foi/é uma das séries mais amadas dos tempos recentes. Resta torcer para uma aparição especial, ainda que rápida, de rostos conhecidos – Bauer, Almeida, e, claro, O’Brian – especialmente se acompanhada da inesquecível expressão: DAMMIT, CLOE!


Criado por Manny Coto e Evan Katz
Emissora: 20th Century Fox Television
Com: Corey Hawkins, Miranda Otto, Anna Diop, Teddy Sears, Ashley Thomas, Dan Bucatinsky, Coral Peña, Charlie Hofheimer, Sheila Vand, Raphael Acloque, Gerald McRaney, Jimmy Smits e Veronica Cartwright

Dario Lima

Dario Lima, além de ser faixa branca em todas as artes marciais e modalidades de combate conhecidas pelo homem, é também formado em Cinema. Mas sua verdadeira paixão são os joguinhos eletrônicos, desde que ganhou um Atari de presente do pai em uma época longínqua em que Menudo tocava nas rádios, Chevette era carro de playboy e McGyver passava na TV nas manhãs de domingo. Escreve sobre games na POCILGA e de vez em quando perturba os outros em algum episódio do Varacast.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *