Crítica | Doutor Estranho (Doctor Strange)

Crítica | Doutor Estranho (Doctor Strange)

A Marvel continua seguindo sua fórmula de sucesso e apresenta mais um novo personagem para seu universo do cinema: Doutor Estranho. E novamente acerta em fazer um filme de origem para apresentar essa nova parte do seu mundo. Mas o mais interessante é que apesar de seguir o mesmo formato, ela tem conseguido seguir por gêneros diferentes. Então já tivemos casos como a saga do herói clássica com o “Homem de Ferro” que começou tudo, passando por filmes de espionagem (Capitão América 2 – O Soldado Invernal), ou até mesmo por sagas espaciais (Guardiões da Galáxia). Agora é a vez de entrar no mundo da magia.

Apresentar um novo universo não é uma tarefa fácil, ainda mais algo que foge aos padrões do mundo real. E principalmente para um homem comum, caso do protagonista do filme. Então o roteiro de Scott Derrickson (também diretor) e C. Robert Cargill abusa dos diálogos expositivos. Sempre vemos algum personagem explicando alguma coisa, principalmente para o protagonista. Os efeitos visuais fazem o resto. E eles realmente impressionam! O 3D é bem utilizado para mostrar a profundidade e dar uma maior dimensão à grandiosidade dos cenários. As cenas que mostram as perseguições dentro da cidade enquanto as leis da gravidade são desafiadas parecem com as de “A Origem”, só que turbinadas em maior potência.

Além de apresentar o universo, também é necessário apresentar o personagem. Então a fórmula do filme de origem é seguida à risca. O que não é um problema, ainda mais se tratando de um protagonista tão interessante. E já podemos considerar Benedict Cumberbatch o novo queridinho do universo Marvel. Seu carisma e talento chegam próximos de Robert Downey Jr. com seu Tony Stark / Homem de Ferro. Inclusive os personagens têm algumas semelhanças como a arrogância e as tiradas irônicas e cômicas.

O humor e as piadas funcionam muito bem. Elas têm um melhor contexto, soam mais orgânicas. Esse tom cômico e leve é característica do universo Marvel. Mas em alguns filmes, como em Guardiões ou “Homem-Formiga“, parece que o protagonista está rindo e se divertindo sozinho enquanto os outros personagens estão levando tudo a sério. Aqui o humor de Cumberbatch é mais sutil e inteligente.

O ator entrega uma atuação impressionante como Stephen Strange. O personagem é um médico neurocirurgião que é o melhor no que faz. Um acidente de carro o deixa com as mãos debilitadas impossibilitado-o de seguir na profissão. Sem isso ele se torna apenas um homem perdido. Após diversas tentativas sem sucesso, ele fica desesperado e vai atrás de um tratamento alternativo. Ele gasta todas as suas economias e vai para Catmandu, no Nepal. Lá ele encontra com a Anciã (Tilda Swinton), Mago Supremo da nossa realidade. Então ele descobre um mundo totalmente novo onde os magos protegem a Terra de ataques vindos de outras dimensões.

A apresentação desse novo universo é uma verdadeira viagem ácida que mistura elementos visuais de filmes como “2001: uma odisseia no espaço” passando pelo já citado “A Origem”. A trilha sonora de Michael Giacchino mistura rock progressivo com música new age ajudando no clima “viajante” da história. E isso cria um conflito interessante no protagonista de magia versus ciência. Ele como um médico e interessado na ciência não vai aceitar tudo facilmente. Mas ao aceitar, ele também vai querer estudar a fundo a ponto de se tornar o melhor naquilo, assim como ele era com a medicina.

Enquanto ele aceita o mundo da magia, é preciso manter um elo com o mundo humano. Então o filme investe no interesse romântico de Strange: Christine Palmer [i] (Rachel McAdams). A Marvel não consegue escapar desse clichê e seus protagonistas sempre precisam de um par romântico, talvez na necessidade de deixar a história mais abrangente. Aqui até que a relação entre os personagens é bem explorada, por mais que no final ela se mostre um pouco desnecessária.

Aí o trabalho dos atores acaba fazendo a diferença. Aqui a Marvel talvez tenha reunido o seu melhor elenco até agora. A começar pelo já citado protagonista. McAdams mostra muita química com Cumberbatch e justifica a presença da sua personagem. Enquanto Swinton cria mais uma personagem meio andrógina onde o gênero não tem muita importância. E mostra sua incrível versatilidade. Já Chiwetel Ejiofor como Karl Mordo fica mais na sua zona de conforto já que seu personagem não tem tanto espaço para brilhar. Talvez a única decepção fica por conta do vilão interpretado por Mads Mikkelsen.

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Mas aí já não é tanto culpa do ator e sim um problema comum dos filmes da Marvel. A dificuldade em se criar vilões que sejam tão interessantes quanto os protagonistas. Ela só conseguiu isso de maneira totalmente eficaz com Loki em “Thor” e “Os Vingadores“. Pelo menos a forma como o conflito entre o vilão e o herói é resolvido é muito boa e foge um pouco dos clichês em que tudo se resolve na porrada.

Doutor Estranho expande ainda mais o universo Marvel no cinema e apresenta mais uma vez de maneira bem sucedida mais um personagem interessante. O filme fica um pouco preso a fórmula de filme de origem, mas tem potencial para ser explorado melhor futuramente em outros filmes da franquia.

Obs: Temos duas cenas escondidas. Uma durante os créditos e uma após. A cena após apresenta uma grande reviravolta para a trama e eu achei um absurdo ela estar escondida (risos).

[i] Essa personagem é uma das encarnações da Night Nurse dos quadrinhos; Rosário Dawson, no universo Netflix, vive outra encarnação.


Uma frase: – Dr. Stephen Strange: “Dormammu, eu vim negociar!”

Uma cena: A viagem ácida de Stephen Strange pelo mundo da magia.

Uma curiosidade: Décimo quarto filme produzido pelos Estúdios Marvel e o segundo capítulo da Fase 3 do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel).

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doutor-estranho-cartazDoutor Estranho (Doctor Strange)

Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Scott Derrickson e C. Robert Cargill
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams, Benedict Wong, Michael Stuhlbarg, Benjamin Bratt, Scott Adkins, Mads Mikkelsen e Tilda Swinton
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia e Sci-Fi
Ano: 2016
Duração: 115 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

4 comentários sobre “Crítica | Doutor Estranho (Doctor Strange)

  1. Eu amei o filme!
    Espero apenas ver mais filmes do Dr estranho, consegui imaginar facilmente a enfermeira noturna em vários outros filmes da Marvel como a enfermeira dos heróis( ainda que eu ache que esse personagem seja totalmente fraco para o nível de Rachel McAdams)!
    Achei que o Mads realmente poderia ser mais explorado, ele é um ator incrível. Mas não deixou a desejar, suas expressões são únicas, sempre!

  2. achei ótimo também, só achei que focaram muito pouco no treinamento dele, achei tudo muito corrido, quando me dei conta já estava no final do filme…tudo bem que o cara tem memoria fotográfica mais isso não justifica, a teoria não é nada sem uma boa pratica poderiam ter focado mais nisso, uma hora não sabia abrir um portal, na outra já estrava em um estado astral roubando livros? não teve graça ele ter aprendido tudo rápido demais de uma cena pra outra…

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