Crítica | Perfeita é a mãe! (Bad Moms)

Crítica | Perfeita é a mãe! (Bad Moms)

Estamos no século XXI e ainda assim a busca por igualdade de gêneros é uma realidade. Hollywood não ficou de fora desta batalha e trouxe à tona denúncias de salários de atrizes que, apesar de desempenhar papel relevante, ganham menos que os pares do sexo oposto. Por isso, é bom assistir a uma comédia como “Perfeita é a mãe!“, protagonizada unicamente por mulheres. O filme, que é dirigido por homens, faz piada com as mães de família da atualidade. Criar bem os filhos não é, definitivamente, uma tarefa fácil, especialmente quando se é a mãe. Século XXI ou não, a verdade é que a realidade da mulher/mãe continua sendo basicamente a mesma: trabalhar fora, chegar em casa, cuidar das crianças e das tarefas domésticas. Os maridos, na maioria, ainda estão acostumados a “ajudar” em casa, como se casamento não fosse parceria e sim um segundo emprego para a mulher – não remunerado, no caso. Toda essa exigência de perfeição feminina é justamente onde se encaixam as piadas do filme.

Amy Mitchell (Mila Kunis) é uma dessas mulheres que trabalha, cuida do marido e do filhos. Além das cobranças em casa, ela sofre pressão na escola dos filhos. Gwendolyn (Christina Applegate) é a presidente da associação de pais e agenda reuniões cujo foco sempre recai em exigências às mães. Frustrada por não ter uma vida própria, Amy junta-se à Carla (Kathryn Hahn) e Kiki (Kristen Bell) e as três decidem serem mães ruins (do título original do filme). Nesse ponto começa a diversão das personagens e do telespectador.

Jon Lucas e Scott Moore, diretores e também roteiristas do filme, já haviam mostrado talento ao escrever o roteiro de “Se beber, não case”. As mães da trama de “Perfeita é a mãe!” seguem o habitual humor politicamente incorreto dos roteiristas, por isso há alguns exageros em prol do humor, em certas cenas. Uma das mais engraçadas é a cena em que as três mães estão a caminho do mercado, após encherem a cara. Há também a cena da festa das mães que é muito boa, embora lembre bastante uma similar, no filme “Irmãs”.

A história é razoavelmente bem construída ao apresentar Amy, a protagonista, e o universo do seu dia a dia. Carla e Kiki também são desenvolvidas de maneira satisfatória. A única personagem que deixa a desejar é a “vilã” Gwendolyn. Suas motivações nunca são claras e, somente no final, há uma explicação pouco convincente para suas atitudes, mas, em minha opinião, tarde demais.

A química entre Mila Kunis, Kathryn Hahn e Kristen Bell é muito boa. Todas já tinham experiência em comédias anteriores e, para elas, desempenhar papéis cômicos é uma tarefa fácil. A mudança de comportamento das mães “certinhas” para péssimas mães é muito bem feita. A personagem de Kathryn leva ambas as outras para o lado negro da maternidade (risos). Christina Applegate aparece um pouco exagerada como vilã, mas ainda assim ela mostra bons momentos em cena.

O “politicamente incorreto” é deixado de lado no final do filme e o roteiro prefere um final feliz, onde as personagens aprendem lições sobre a melhor forma de lidar com a maternidade. É um pouco clichê, porém esperado. A comédia inova ao ser protagonizada apenas por mulheres e escapa de ser uma comédia romântica (apesar de ter alguns elementos) e isso é bastante positivo. Jon Lucas e Scott Moore mostram que são capazes de dirigir o próprio roteiro e garantem momentos hilários.

* Texto revisado por Elaine Andrade


Uma frase: Amy Mitchell: – “Vamos ser mães ruins!”

Uma cena: Loucuras dentro do supermercado.

Uma curiosidade: Todas as 6 protagonistas são mães também na vida real.

 

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perfeitamae-cartazPerfeita é a mãe! (Bad Moms)

Direção: Jon Lucas e Scott Moore
Roteiro: Jon Lucas e Scott Moore
Elenco: Mila Kunis, Kristen Bell, Kathryn Hahn, Annie Mumolo, Jay Hernandez e Jada Pinkett Smith
Christina Applegate
Gênero: Comédia
Ano: 2016
Duração: 100 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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