Crítica | Procurando Dory (Finding Dory)

Crítica | Procurando Dory (Finding Dory)

Em “Procurando Nemo”, a personagem Dory era a mais interessante e já que a Pixar entrou na onda de produzir continuações das animações, já era de se esperar que a peixinha desmemoriada ganhasse um filme só pra ela. “Procurando Dory” só não é melhor que o o filme de Nemo porque segue, basicamente, a mesma fórmula. Ainda assim, ele consegue ser um longa metragem superior ao primeiro. A protagonista tem uma história bem mais complexa e interessante a ser explorada e o filme se beneficia pela familiaridade do anterior.

No início da animação, o passado de Dory passa a ser conhecido. O público pode acompanhar a infância da personagem e ver como ela se perdeu dos pais. Em “Procurando Nemo”, a perda de memória recente de Dory é tratada de forma divertida, mas em “Procurando Dory” pode-se entender como a doença foi triste e difícil para ela. Ela ficou perdida durante muito tempo, até encontrar com Marlin. Esse começo consegue ser mais comovente que o de Nemo. Mas não se preocupem, o tom trágico não é a premissa do longa!

A história se passa um ano após os acontecimentos de ‘Nemo’. Agora, Dory vive com Nemo e Marlin. Entretanto, ela se lembra dos pais e decide ir à procura deles. A dupla de peixes-palhaço vai junto para ajudar, já que, com o problema de memória, ela correria o risco de ser perder mais uma vez. Assim eles embarcam em mais uma aventura.

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Obviamente que uma continuação tinha que contar com Nemo e Merlin, por mais que agora a protagonista seja Dory. Mas durante o filme eles se separam e outros personagens secundários surgem. A justificativa para a presença dos peixes-palhaço fica um pouco forçada e os personagens fazem coisas superficiais na trama. Mas isso não chega a atrapalhar a narrativa. O ritmo do filme é muito melhor que o de ‘Nemo’ ao alternar a ação entre os personagens de maneira mais fluida. O único pecado é utilizar muitos flashbacks a cada nova memória de Dory, deixando a animação um pouco repetitiva desnecessariamente.

Já que falei dos novos personagens secundários, eles, assim como Dory no filme anterior, roubam a cena da protagonista em muitas cenas. Hank, o polvo de 7 tentáculos (a justificativa é que os animadores não conseguiram fazer um polvo com 8 tentáculos, então inventaram que ele tinha perdido um na história) é o próximo candidato a ter um filme só seu. Apesar do arco deste personagem ser um tanto quanto óbvio e pouco criativo, ele é bastante carismático e ganha a simpatia do espectador. Outro ponto positivo são os personagens com algum tipo de deficiência (física ou mental). Em “Procurando Nemo”, ele tem uma barbatana menor que a outra.

Apesar de os coadjuvantes do desenho conseguirem ter brilho próprio, são de Dory as cenas mais emocionantes. A cada nova lembrança o público entende as dificuldades as quais a “peixinha” passou. O roteiro explora esses momentos de uma forma muito positiva, emocionando o expectador de maneira bem mais genuína que no drama entre pai e filho, em Nemo. Vale citar, inclusive, que, apesar de ter “aprendido a lição” em “Procurando Nemo” Merlin, em menos de 1 ano, esquece todo o sofrimento pelo qual passou e repete os mesmos erros de pai superprotetor, mas desta vez com Dory. Parece que ele tem problema de memória…(risos).

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O roteiro de Andrew Stanton e Victoria Strouse peca ao exagerar nas cenas de ação que parecem forçadas e sem muita verossimilhança, como a sequência clímax do filme. Mas, como o longa é feito para todas as idades, esses detalhes podem ser relevados.

É impressionante notar como o visual consegue ser ainda melhor do que o visto em ‘Nemo’, que já era maravilhoso. A tecnologia avançou e também a experiência e técnica dos animadores da Pixar. O mundo embaixo da água está ainda mais bonito. E o 3D ajuda na imersão com o uso da profundidade.

“Procurando Dory” repete o formato bem sucedido de ‘Nemo’, apresentando novos personagens e colocando mais aventura na história. O filme é tão simpático e divertido quanto o anterior e se beneficia em ter uma protagonista mais carismática e com uma história bem mais emocionante. Entretanto, não consegue superar o primeiro filme justamente por ficar “preso” à mesma fórmula de sucesso, sem correr riscos e permanecendo em uma certa zona de conforto.

Observação: não percam de jeito nenhum a cena após dos créditos!

* Texto revisado por Elaine Andrade


Uma frase: O que a Dory faria?

Uma cena: O início do filme contando a história de Dory até o encontro dela com Marlin (visto em “Procurando Nemo”).

Uma curiosidade: O filme foi anunciado pela primeira vez por Ellen DeGeneres, que dubla Dory, no seu programa de tv.

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procurando-dory-cartazProcurando Dory (Finding Dory)

Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton e Victoria Strouse
Elenco de vozes: Ellen DeGeneres, Albert Brooks, Ed O’Neill, Kaitlin Olson, Hayden Rolence, Ty Burrell, Diane Keaton, Eugene Levy, Sloane Murray, Idris Elba, Dominic West, Bob Peterson, Bill Hader, Kate McKinnon, Sigourney Weaver, John Ratzenberger, Willem Dafoe, Brad Garrett, Alisson Janney, Austin Pendleton, Stephen Root e Vicki Lewis
Gênero: Animação, Aventura, Comédia, Família
Ano: 2016
Duração: 103 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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