Crítica | Capitão América: Guerra Civil

Crítica | Capitão América: Guerra Civil

É impressionante notar cada vez mais o resultado positivo da expansão do universo Marvel nos cinemas. A cada novo capítulo e novo personagem sendo apresentados, a sensação de estar acompanhando tudo isso é muito gratificante. E isso fica bastante claro em “Capitão América: Guerra Civil” ao ver uma boa parte dos personagens reunidos em uma única história. Conseguiram dar espaço para todos os “bonecos” (ouçam o varacast de Baconzitos de Ouro para entender melhor a piada) sem que nenhum soe desnecessário, além de apresentar mais dois novos de maneira satisfatória.

A Guerra Civil nos quadrinhos envolve o registro dos heróis. Já aqui na versão dos cinemas tem mais a ver com a regulamentação da atuação dos heróis. A adaptação ficou interessante e se saiu bem ao envolver o Soldado Invernal, que é amigo do Capitão América, para ajudar a dividir o grupo no time de Steve Rogers versus time Homem de Ferro. Pelos trailers fica a impressão que a divisão teria mais a ver com a questão da amizade, mas felizmente o roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely consegue construir muito bem o conflito para que ele não soe gratuito. E melhor ainda, mostra que não existe exatamente um lado certo ou errado numa “guerra”. Além disso, consegue dosar bem drama com um lado psicológico muito interessante contando também com reviravoltas muito boas.

Após uma ação dos Vingadores na Nigéria envolvendo a morte de civis, os governos de diversos países decidem regulamentar a ação do grupo. Quem chega para dar a notícia é o general Ross (William Hurt, de “O Incrível Hulk“). A situação complica por causa do suposto envolvimento de Bucky (o Soldado Invernal). Isso faz com que Rogers discorde e leve um grupo com ele para investigar enquanto Tony Stark (Robert Downey Jr.) acha que é melhor aceitar o acordo antes que seja pior e proíbam de vez a atividade do grupo. Outras situações ocorrem para agravar a situação e está criado o conflito. Falar mais sobre isso seria SPOILER.

Esse é um dos grandes trunfos do filme: conseguir criar um conflito interessante e que justifique o combate entre os heróis. Não é algo forçado e ao conhecer cada um dos personagens dá para entender muito bem o motivo pelo qual ele escolheu estar em determinado lado. E claro que a cena da luta entre os dois grupos é sensacional! Um verdadeiro sonho nerd retratado na tela. É sem dúvidas o melhor momento do filme! Ver a combinação dos poderes e habilidades sendo usadas entre eles é muito legal.

Os diretores Anthony Russo e Joe Russo já tinham mostrado bastante talento em “Capitão América 2 – O Soldado Invernal” com cenas de ação e aqui conseguiram evoluir. Além da já citada cena do combate entre os heróis, tem outras cenas muito bem realizadas como, por exemplo, uma perseguição urbana. A parte técnica do filme é muito boa, apesar de não ter nenhum grande destaque específico. A única reclamação fica por conta do uso do 3D que não serve para absolutamente nada, a não ser uma desculpa para cobrar mais caro pelo ingresso.

O elenco do filme é fantástico e dentro de tantos personagens fica até complicado destacar apenas alguns. Com certeza pelo menos três merecem maior destaque. Primeiro o Pantera Negra interpretado por Chadwick Boseman por se mostrar um personagem muito interessante principalmente por ser mais adulto e sério que os demais. Mesmo sem muito tempo na tela ele já justifica a necessidade de um filme solo. Em seguida Paul Rudd como o Homem-Formiga que mesmo aparecendo pouco sempre rouba a cena com seu humor perfeito. E por último, a Viúva Negra de Scarlett Johansson que parece ser a única personagem no filme que realmente tem bom senso (risos).

Falando em humor, isso também merece ser destacado no filme. Apesar da temática mais séria o roteiro consegue sempre usar muito bem algum momento cômico sem que ele soe forçado. Além do já citado Homem Formiga, não tem como não falar também sobre o Homem Aranha, ainda mais no quesito ser engraçado. Tom Holland surpreende com uma versão mais nova do personagem que consegue também mesmo com pouco tempo em cena mostrar todo o bom humor e boas tiradas. Com certeza valeu a pena a Marvel fazer um acordo com a Sony para poder conseguir colocá-lo também em seu universo.

Não podia deixar de falar também sobre o vilão interpretado por Daniel Brühl que talvez seja o mais interessante do universo Marvel até agora. Não que isso fosse muito difícil considerando que esse sempre foi um ponto negativo dos filmes até aqui. Tudo bem que Loki é muito mais carismático, mas Zemo sem dúvidas é o que tem a melhor motivação e também o melhor plano.

Capitão América: Guerra Civil” mostra que ainda não existe desgaste nos filmes da Marvel e que o estúdio continua no caminho certo em cada vez mais expandir o seu universo nos cinemas de maneira inteligente, bem realizada e de qualidade, garantindo uma diversão de alto nível com filmes muito bem realizados.


Uma frase: Tony Stark: “As vezes eu tenho vontade de dar um soco nos seus dentes perfeitos” (se referindo a Steve Rogers)

Uma cena: O confrontro entre todos os heróis do filme: time Homem de Ferro X time Capitão América.

Uma curiosidade: Uma das cenas escondidas do filme teve parte filmada no Brasil (fonte: Cineclick).

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capitao-america-guerra-civil-cartazCapitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War)

Direção: Anthony Russo e Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Don Cheadle, Paul Bettany, Chadwick Boseman, Anthony Mackie, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Tom Holland, Marisa Tomei, Emily VanCamp, Daniel Brühl, William Hurt, Martin Freeman, John Kani, John Slattery, Alfre Woodard, Jim Rash e Hope Davis
Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Ano: 2016
Duração: 147 minutos

 

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

14 comentários sobre “Crítica | Capitão América: Guerra Civil

  1. Concordo com (quase) tudo Ramon. Só discordo mesmo dos efeitos. Tem muitos efeitos bons, mas alguns efeitos envolvendo o Pantera, principalmente, ficaram meio fake. Me incomodava nas cenas de luta onde o Pantera era claramente CGI. Mas fora isso, o filme é no tom certo mesmo. Eu particularmente gostaria de um fim mais denso, com algum resultado mais drástico. Mas tudo bem, esse não é bem o estilo da Marvel. Tá valendo.

    Sobre Zemo, Daniel Bruhl é mesmo um excelente ator e consegue se destacar no papel. Só tenho uma ressalva: acho ruim tê-lo chamado de Zemo. Zemo é Zemo! Não é esse personagem de Bruhl. Gosto muito do personagem, mas aí, chamar ele de Zemo – ainda que com a justificativa de repaginar o personagem – acaba sendo um grande desperdício de um dos mais interessantes antagonistas que o universo Marvel tem.

    Agora, o que mais gostei do filme é que os irmãos Russo conhecem a identidade do filme e preservam. A despeito de ser um filme com diversos personagens, e mesmo dos Vingadores, o filme é, do início ao fim, todo do Capitão América. O tempo inteiro eles desenvolvem um clima de espionagem, similar ao Soldado Invernal, elevando a narrativa do anterior a patamares ainda maiores. Com bastante competência e sem lança de Kryptonita! Mas alguns fan services atrapalham essa coisa da autenticidade do filme do personagem e afetam de certo modo uma coesão e integridade que poderiam fazer desse filme algo muito maior – a aparição do Homem-Aranha, por exemplo, apesar de muito mais bem estruturada dentro do roteiro, serve mais como ferramenta de marketing para o próximo filme do Aranha. Ele não é, a rigor, essencial para a história. Nesse ponto ele acaba exercendo um papel no filme similar ao que Wonder Woman exerce em BvS.

    Mais isso é chatice de nerd chato, Rs. O filme é massa mesmo! Parabéns, como sempre, pelo excelente texto.

        1. Rapaz, vc ta podomitando demais a marvel seu DC fanboy heheheh A primeira cena já é melhor que todo o bvs e o olhar de pavor da feiticeira ao ver a explosão tem mais sentimento que toda a interpretação mimimi do henry cavill (embora seja um ator q eu goste muito)

  2. Rapaz….esse Pantera Negra, q porra é aquela??? Já quero conhecer mais!!

    Soltaram tanta coisa desse filme, que eu fui ver c um olho fechado e outro aberto, mas nenhum dos meus medos se concretizaram. A franquia de Capitão América é o melhor de todos os filmes dos avengers.

  3. Excelente filme, cumpriu o que prometeu..o melhor filme da Marvel na minha opinião, realmente vale o ingresso, Destaque para o Homem-Aranha e Pantera negra sensacionais….as cenas da Feiticeira escarlate me deixaram arrepiado muito boas, cada um teve o seu espaço, cada um mostrou o que tinha pra mostrar e eu não esperava nada além do que já estava vendo, recomendo a todos, corram para os cinemas!

  4. Filme é bom, mas um pouco abaixo de Soldado Invernal. Existem algumas falhas aqui e acolá, como a própria do HA, trazida pelo Mário. Apesar do Zemo ser mais identificado com as problemáticas mundanas, ao final sua busca perde um pouco o sentido, mas não colocaria isso na conta negativa do filme é mais uma impressão pessoal mesmo.

    1. Eu acho Soldado Invernal muito bom, mas não gosto muito do jeito como as coisas se resolvem. Nisso eu prefiro muito mais esse Guerra Civil que também é melhor nas cenas de ação. E eu achei a motivação de Zemo muito boa, melhor plano e motivação de um vilão nos filmes da Marvel até agora.

  5. Gostei bastante do filme também, acho que como Ramon falou dosa bem alguns momentos de humor com o tom mais ‘sério’ do filme.

    Como nosso incorruptível Lionel Leal comentou, ele é mesmo tudo o que BvS queria ter sido.

  6. Olá. Observamos outro ângulo da película, o da ideologia atual adotada pela Academia Cinéfilos não viram da mesma forma; o público americano, fã dos seus heróis cinematográficos, aprovou à Marvel em se render à ONU, nas entrelinhas, claro. Dividiu-os em duas facções mortais, ao aprovar a regulamentação de suas ações à entidade. Colocou-os conta si com seus egos inflamados; cada um acendeu à sua fogueira de vaidade como pode; como se fossem puramente humanos. Personagens emblemáticos, foram massacrados e humilhados; nem precisou de inimigos externos; agiram como fogo amigo; os seus desafetos amaram. A performance do Homem-Aranha foi patética. O Capitão América, ah coitado, vai voltar pra geladeira de novo. Dessa vez morre congelado. Sinal dos tempos em Hollywood. Triste fim para a trilogia. Aproveitando o gancho, assistimos recentemente, o filme “Animais Nocturnos” A produção aproveitou as falas de uma personagem para tecer crítica de leve aos republicanos. Como se todos fossem sexistas, racistas, homofóbicos. Sinal do tempos em Hollywood.

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