Crítica | Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny

Crítica | Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny

Após ressuscitar seriados a nova proposta da Netflix é agora trazer de volta franquias do cinema. Não que “O Tigre e o Dragão” possa ser classificada exatamente como uma franquia, já que só teve um filme. Mas já faz um bom tempo que rolam especulações sobre uma possível continuação desde que ele chegou aos cinemas em 2000. O diretor Ang Lee não quis dirigir “Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny”, então em seu lugar entrou Yuen Woo-ping. Yuen é mais conhecido pelo seu trabalho como coreografo de artes marciais de filmes importantes como “Matrix” e “Kill Bill”, mas ele também tem experiência como diretor de filmes do gênero.

A trama dessa vez envolve a lendária espada Destino Verde, que pertencia a Li Mu Bai (personagem de Chow Yun-fat no 1º filme), que foi encontrada em Peking. Yu Shu Lien (Michelle Yeoh) ressurge de sua aposentadoria e vai para a cidade ajudar na segurança da espada. A arma é conhecida por ser a mais poderosa da época. Obviamente ela chama a atenção de interessados em roubá-la. O principal deles é Hades Dai (Jason Scott Lee), um homem perigoso que envia o jovem Tiefang (Harry Shum Jr.) para roubá-la. Só que além de Yu Shu Lien, outros estão dispostos a defender a espada. Como a jovem Snow Vase (Natasha Liu Bordizzo), que além de ter um passado misterioso também quer ser treinada por Lien. E também Silent Wolf (Donnie Yen), que é uma mistura de cowboy com samurai e que tem um passado com Lien.

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É interessante como o roteiro de John Fusco consegue dar espaço para um desenvolvimento mínimo dos personagens e aos poucos vai revelando os seus segredos e as suas conexões. É importante ver que também existe um equilíbrio entre os personagens masculinos e femininos sem cair nos clichês de donzela em apuros já que elas sabem muito bem cuidar de si mesmas. E as mulheres chamam mais a atenção por suas personalidades fortes.

A história em si acaba caindo em muitos clichês, mas consegue utilizá-los de maneira satisfatória para que as cenas de lutas não soem gratuitas e que haja uma trama para seguir e dar um norte para os personagens. Mas no, final das contas, os personagens acabam sendo mais interessantes do que a história em si, com suas peculiaridades e alguns com nomes divertidos, principalmente os coadjuvantes.

O elenco é bom e conseguem mostrar boas atuações num filme onde o mais importante é saber lutar. Eles conseguem mostrar bem um equilíbrio entre atuações competentes sem cair na canastrice ao mesmo tempo em que conseguem mostrar uma ótima habilidade e talento nas cenas de luta.

A única coisa que prejudica um pouco é o fato do filme ser falado em inglês o que tira parte do charme e da “autenticidade” da obra, ainda mais se comparado com o primeiro que era falado em mandarim. Mas isso não chega a comprometer o resultado final.

Obviamente que o principal destaque aqui são as cenas de luta. E nisso o diretor Yuen Woo-ping sabe muito bem o que está fazendo. As lutas são ótimas e muito bem coreografadas. Seguem as principais características e estilo do primeiro filme. Só que agora com efeitos especiais mais modernos é possível fazer coisas mais exageradas, mas que em alguns momentos passam do ponto por acabar soando um pouco artificiais. A mistura entre efeitos práticos e digitais funciona na maior parte do tempo.

É bom ver como o diretor de fotografia Newton Thomas Sigel consegue focar e mostrar os detalhes das lutas fazendo com que a beleza delas seja ressaltada e que elas não soem confusas visualmente. Nisso a montagem de Jeff Betancourt contribui para não usar muitos cortes e também por focar em uma luta de cada vez nos momentos onde existe mais de uma acontecendo ao mesmo tempo.

Uma cena de luta num lago congelado chama a atenção pelo fato de misturar luta com uma espécie de patinação no gelo que ficou muito interessante pela combinação de técnicas. Em alguns momentos a fotografia peca um pouco com cenários de fundo digitais, mas na maior parte do tempo ela funciona bem e consegue ser muito bonita.

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O figurino de Ngila Dickson e o design de produção de Grant Major são muito bons ao conseguir mostrar a riqueza de detalhes do universo onde o filme se passa e faz com que ele soe autêntico e verossímil. Completando o clima oriental, a trilha sonora de Carlo Siliotto e Shigeru Umebayashi funciona bem ao ajudar ainda mais na imersão no universo.

Por mais que se assemelhe a algo como uma banda cover, “Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny” lembra bastante o original só que não é a mesma coisa, ainda assim essa produção da Netflix funciona muito bem ao conseguir emular de maneira bem parecida o filme original com cenários bonitos e cenas de luta legais e divertidas. Mesmo que não tenha o mesmo charme.


Uma frase: Yu Shu Lien: “Honra, dever, desculpas para o derramamento de sangue. É por isso que eu deixei para trás, todos aqueles anos atrás.”

Uma cena: A luta em cima de um lago congelado que mistura artes marciais com patinação.

Uma curiosidade: Esse é o segundo filme a ser lançado no Netflix e nos cinemas ao mesmo tempo, o primeiro foi Beasts of No Nation (2015).

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sword-of-destiny-cartazCrouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny

Direção: Yuen Woo-ping
Roteiro: John Fusco (baseado no livro The Price of Salt de Patricia Highsmith)
Elenco: Donnie Yen, Michelle Yeoh, Harry Shum, Jr., Natasha Liu Bordizzo, Jason Scott Lee, Eugenia Yuan, Roger Yuan, JuJu Chan, Chris Pang, Woon Young Park, Darryl Quon e Veronica Ngo
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Ano: 2016
Duração: 103 minutos

 

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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