Crítica | O Quarto de Jack (Room)

Crítica | O Quarto de Jack (Room)

O Quarto de Jack” é uma história bastante tensa e complicada contada do ponto de vista da pessoa mais inocente envolvida: uma criança de cinco anos. Isso faz com que o filme ganhe uma inocência bem interessante. Jack (Jacob Tremblay) e sua mãe Joy (Brie Larson) vivem presos dentro de um quarto. Ou melhor, alguém mantém os dois presos.

Somente o fato deles estarem sendo mantidos presos por uma pessoa já é algo doentio e insano de se imaginar. Mas ao invés de explorar essa relação do que levaria um homem a manter uma mulher como prisioneira, o filme mostra como funciona o universo de Jack vivendo dentro do quarto. Então iremos acompanhar como funciona a sua vida e rotina dentro do lugar. Ele tem uma televisão onde assiste alguns desenhos ou programas e obtém imagens do mundo lá fora. A única janela é uma claraboia no teto que oferece um pouco de luz ao local. Apesar de soar esquisito, para ele aquilo é o normal já que essa é a sua realidade. Ele brinca, corre de um lado pro outro e leva uma vida comum.

O mais importante é a relação entre mãe e filho. Fica claro que de alguma forma Jack ajuda Joy a manter um pouco da sua sanidade diante da situação. Acaba sendo uma motivação para ela continuar viva e se submetendo aos abusos de Old Nick (Sean Bridgers), que é o nome que ela dá ao homem que os mantém prisioneiros. Tudo para manter a fábula dentro do universo de Jack dentro do quarto funcionando.

O quarto de 10 metros quadrados poderia ser mostrado como um lugar totalmente claustrofóbico, mas a fotografia de Danny Cohen e a montagem de Nathan Nugent são muito hábeis em conseguir passar a impressão que o quarto é mais espaçoso do que realmente é. Ou seja, eles conseguem recriar mesmo a visão de Jack já que pare ele o lugar é como se fosse todo o universo.

O roteiro de Emma Donoghue, adaptando o seu próprio livro, consegue construir toda a sensibilidade e inocência da visão do garoto nessa terrível situação. Isso tira um pouco do impacto e tensão da história, mas da um novo contexto que é mais interessante por não ter são melodramático.

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Inclusive um dos méritos do filme é justamente não abusar do drama. O diretor Lenny Abrahamson (Frank) conseguiu achar o tom certo da história. Algo mais sóbrio e verossímil misturado com a fábula e inocência da visão de uma criança. Esse é o grande diferencial e potencial do filme.

Sem dúvidas o grande destaque fica por conta da atuação de Jacob Tremblay. Apesar da pouca idade ele consegue passar todas as nuances de seu personagem, além de ter um incrível carisma. Ele se mostra um ator impressionante e talentoso. Brie Larson (Descompensada) não fica muito atrás já que sua personagem é ainda mais complicada pela dualidade envolvida. Ela tem que proteger o seu filho da situação terrível em que vivem enquanto sofre abusos de Nick. A química entre os dois é fascinante e eles conseguem construir uma ótima relação entre mãe e filho. E essa relação é o tema principal da história. Se ela não funcionasse em cena o filme não daria certo.

Um dos melhores momentos do filme é quanto Joy conta para Jack a “verdade”. Ele acabou de fazer cinco anos então ela acha que ele já tem idade suficiente para entender melhor o mundo real. Obviamente ele tem dificuldades para assimilar a informação. Esse é um dos temas mais interessantes abordados pelo filme. Um pouco sobre a perda da inocência de uma criança.

Se isso normalmente é complicado, agora imagine para um garoto que vive dentro de um quarto. Conseguirá ele lidar bem com a situação? É uma metáfora bem interessante. Será que seria muito diferente no mundo real? Ou melhor, será que Jack estaria pronto para encarar o mundo real? Ou ao conhecê-lo ele iria preferir a sua vida dentro do quarto onde tudo aparentemente é mais simples ele já está acostumado? O filme lida bem com isso e responde alguns desses questionamentos. Mas falar mais do que isso pode prejudicar um pouco a experiência, apesar do próprio trailer ou até mesmo a sinopse já contar um pouco do que acontece.


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Uma frase: Jack: “Quando eu era pequeno, só sabia coisas pequenas. Mas agora eu tenho 5 anos, eu sei tudo!”.

Uma cena: A hora em que Joy conta a “verdade” para Jack.

Uma curiosidade: O ator Jacob Tremblay usou uma peruca para as cenas que o personagem está com o cabelo comprido.

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quarto-jack-cartazO Quarto de Jack (Room)

Direção: Lenny Abrahamson
Roteiro: Emma Donoghue, baseado no livro “Room” da própria Emma Donoghue
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, Sean Bridgers, Tom McCamus, Wendy Crewson, Amanda Brugel, Cas Anvar e William H. Macy
Gênero: Gênero(s) do filme
Ano: 2015
Duração: 117 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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