Crítica | The Ridiculous 6

Crítica | The Ridiculous 6

O filme “The Ridiculous 6” marca a parceira entre a Netflix e a Happy Madison Productions de Adam Sandler que assinaram um contrato para quatro filmes. Considerando as produções originais feitas pela Netflix era de se esperar o mesmo padrão de qualidade por aqui, infelizmente não é o que acontece. Talvez pudesse ter sido uma boa oportunidade para Sandler ter mais liberdade criativa para fugir das comédias para toda a família ou besteirol sem graça e exagerado, mas ele seguiu o mesmo padrão dos filmes que ele tem protagonizado no cinema.

Sandler assina o roteiro junto com Tim Herlihy, que já escreveu outros filmes protagonizados pelo ator como “Afinado no Amor” e “O Rei da Água”, ambos também dirigidos por Frank Coraci, ou seja, parceiros já de longa data. Mas parece que a criatividade e inspiração ficaram para trás já que aqui a “fórmula” para criar uma comédia dá claro sinal de desgaste. Falei no texto sobre “Férias Frustradas” que uma comédia ser engraçada não significa necessariamente que ela seja boa, mas aqui nem engraçado consegue ser. Umas das poucas risadas de verdade que eu dei só veio na metade do filme que tem duas horas de duração, sinal de que tinha algo errado.

A cena em questão envolve a participação do ator John Turturro (que aparece com frequência nos filmes de Sandler) ensinando as pessoas a jogar beisebol mostrando que o esporte não faz sentido algum (risos). Inclusive essa cena não acrescenta em nada a história do filme. É só mais uma piada envolvendo referências histórias a época do velho oeste.

The Ridiculous 6

Paródia de faroeste

O filme tenta ser uma paródia de um faroeste, mas não consegue utilizar os elementos clássicos do gênero de maneira inteligente e divertida. Tudo soa gratuito e sem graça. Adam Sandler vive Tommy que foi adotado pelos índios quando era pequeno após a morte de sua mãe. Ele virou “Faca Branca” e aprendeu todos os costumes da sua tribo virando um especialista em facas estilo Machete. Um dia, seu pai Frank Stockburn (interpretado por um Nick Nolte meio perdido) aparece dizendo que está com problema de saúde e vai morrer deixando um dinheiro para ele. Então um grupo liderado por Cicero (Danny Trejo), ex-parceiro do crime de Frank, aparece cobrando uma dívida e o leva embora. Tommy resolve dar um jeito de arrumar o dinheiro para salvar a vida do pai roubando de outros bandidos, e nisso ele acaba descobrindo que seu pai deixou outros filhos espalhados e então ele se encontra com seus cinco irmãos.

Até aqui vale citar dois detalhes. Primeiro que todas as piadas envolvendo os índios são ruins, sem graça e em muitos momentos preconceituosas. Um exemplo são o nome deles, tipo uma mulher que se chama Nunca usa sutiã. Pois é, o nível é bem baixo. O segundo é o fato do personagem de Sandler parecer um Machete do velho oeste que irá enfrentar o Machete de verdade. Isso poderia render boas referências e boas piadas, mas nada é utilizado. Inclusive quando chega a parte do grande confronto entre os dois a coisa se resolve de forma rápida e sem graça. Tudo em nome de uma reviravolta que não funciona e ainda estraga a premissa e o final do filme que se torna arrastado. Inclusive tem uma pista envolvendo uma foto antiga que o protagonista só se da conta que ela tem uma detalhe revelador perto do final do filme que também é bastante forçada.

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Habilidades especiais dos irmãos

Voltando ao filme, cada um dos cinco irmãos tem um tipo de “habilidade especial” que é usada em algum momento da trama para ajudar na resolução do problema. Só que na tentativa de ser engraçado apenas na descrição da habilidade, uma delas acaba não sendo usada e a piada perde o sentido. É o caso do personagem vivido por Terry Crews que, apesar de ser um ator engraçado, é totalmente subutilizado. Sua “habilidade” consiste em conseguir tocar piano usando o seu pênis (!?). E já que falei de preconceito dos índios, o personagem de Crews também faz uma piada infame ao contar para seus irmãos que é negro, caso alguém não tivesse notado. Até hoje estou esperando ele usar a sua “habilidade” e também a graça dessa piada.

O restante dos irmãos tenta em vão dar alguma graça sem nenhum sucesso. As piadas do roteiro não ajudam também. Rob Schneider é sem comentários. Mas o pior destaque vai para Taylor Lautner que devia ter escutado o conselho que o personagem de Robert Downey Jr. da para Ben Stiller em “Trovão Tropical“: “never go full retard”. O “retardamento” do seu personagem ficou terrível e sem um pingo de graça. Eles até tem um momento musical juntos razoavelmente interessante, mas não adianta muito.

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As participações especiais de alguns atores até poderia salvar o filme do desastre total. Além da já citada participação de John Turturro, outro que merece destaque é Vanilla Ice. Depois de roubar a cena de Sandler intepretando ele mesmo em “Este é o Meu Garoto”, aqui ele surge irreconhecível e muito hilário, só que aparece muito pouco. Outro que tenta também ser engraçado é Harvey Keitel que protagoniza o momento mais surreal e sem noção do filme ao ter sua cabeça arrancada por uma pá. Bizarro, tosco e claro, sem graça alguma.

Para não dizer que tudo no filme é ruim, vale destacar um ponto da parte técnica: a fotografia do Dean Semler. Ele realiza um trabalho interessante ao conseguir uma iluminação boa em cenas a noite e também em fazer alguns bons enquadramentos fazendo referência a filmes de velho oeste. Esse é o único quesito que o filme consegue se sair bem ao fazer referências aos filmes do gênero.

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Conclusão

Era de se esperar algo mais interessante de um projeto do Netflix, mesmo ele sendo protagonizado por Adam Sanlder. O ator perdeu uma boa oportunidade de fazer algo diferente e interessante com essa parceria. Infelizmente o resultado é uma comédia que tenta sem sucesso fazer paródia de filmes de velho oeste. E o pior de tudo, não consegue ser minimamente engraçada tendo um ou outro momento interessante. É uma pena já que considerando os envolvidos na produção o resultado poderia ter sido bem diferente. Ou que fosse pelo menos minimamente engraçado que simples piadas envolvendo excrementos e sexo, só para citar alguns exemplos dos temas.

Classificação:


The Ridiculous 6 cartazTítulo Original: The Ridiculous 6 (EUA, 2015)
Com: Adam Sandler, Julia Jones, Terry Crews, Jorge Garcia, Taylor Lautner, Rob Schneider, Luke Wilson, Nick Nolte, Danny Trejo, Harvey Keitel, Vanilla Ice, John Turturro, Will Forte e Steve Buscemi
Direção: Frank Coraci
Roteiro: Tim Herlihy e Adam Sandler
Duração: 120 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

22 comentários sobre “Crítica | The Ridiculous 6

    1. Não sei se ele tem feito tanto dinheiro, tanto que por isso tenha sido mais negócio fazer um filme pro Netflix que o dinheiro que ele ganhou teoricamente não iria depender da bilheteria do filme.

      Quanto a zero bacons, a nota/classificação é só pra constar, o importante mesmo é o que o texto diz.

  1. “…Sua “habilidade” consiste em conseguir tocar piano usando o seu pênis (!?)…”
    “… Até hoje estou esperando ele usar a sua “habilidade”..”

    Se era isso que você estava esperando acho que estava no gênero de filme errado man.

    1. É claro que isso não era uma cena a ser mostrada, mas a habilidade é mostrada (subentendida) no fim do filme na cena do casamento. Achei um filme muito fraco para o nível do elenco. A única cena que esbocei uma risada foi quando o indiozinho puxa um machadinho.

  2. Eu me pergunto até hoje se alguém no mundo consegue achar graça na cena que a pessoa arranca o próprio olho com uma colher. Aquilo é muito degradante…

  3. o filme tem alguns minúsculos minutos de graça, o elenco ajuda muito, e até achei divertido o retardamento do Lautner. Pra mim, tiveram dois problemas graves, primeiro, o tempo de duração que é muito longo, cochilei por boa parte do filme, praticamente dormi e quando acordei, ainda estava passando. E, segundo, quero deixar claro aqui que sou um fã de carteirinha do Sandler e de qualquer uma de suas produções, desde Billy Madson que acompanho ele e me divirto com ele, más, tem muito tempo que ele virou o fodão em suas produções, ele é sempre o comedor, o brigador, o maladrão, o foda, o pica das galáxias, chego a pensar que ele deve ter sofrido Bulliyng demais, mas mesmo assim, ele é meu preferido, contudo, nesse filme ele exagera demais da fodástica, a cena inicial do filme onde temos o primeiro contato com o personagem dele que viaja na velocidade da luz pra bater nos caras, naquele momento eu pensei: 345 filmes no netflix para assistir e acabo de jogar fora duas horas da minha vida em que poderia estar apreciando qualquer outra merda. esse filme realmente foi fraco, e geralmente a receita, a química de ter sempre o mesmo time do Sandler dá mais do que certo, pelo menos para mim.

      1. Eu gostava de Sandler no início também, mas infelizmente ele se perdeu já faz bastante tempo. Ele fez um filme com Judd Apatow que foi bom, mas fora isso tem tempo que ele não faz nada interessante.

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