Que Horas Ela Volta?

Que Horas Ela Volta?

Vou ser bem sincero com vocês. Quando vi que um filme nacional estrelado por Regina Casé acabava de estrear, torci o nariz. Um tempo depois, o tal filme recebia elogios tanto do público como da crítica especializada e, agora, é o nosso possível representante no próximo Oscar. Claro, estou falando de Que Horas Ela Volta?, um ótimo trabalho da diretora Anna Muylaert.

Na trama, acompanhamos a rotina de Val, uma empregada doméstica que vive na casa dos patrões. Ela executa um trabalho praticamente servil, pegando água, retirando os pratos, pegando o sorvete do Fabinho e assim por diante. Os patrões falam de maneira educada, mas com autoridade. Val faz as coisas com sorriso no rosto. Ela está nessa casa há anos e sente-se parte da família. A recíproca é quase verdadeira. A ”dona” Bárbara finge interesse nos problemas de Val apenas para manter as aparências, mas no fundo não está nem aí.

Em menos de 10 minutos de filme, Regina Casé já conquista o público. Ela é a alma de Que Horas Ela Volta?. Val é uma personagem forte, bem humorada e trabalhadora. Mas ela ainda não se libertou dos grilhões que a sociedade de classes lhe impõe. Na realidade, ela nem pensa nisso. Para ela, tudo está bom. As coisas começam a mudar quando Jéssica, filha de Val, chega em São Paulo para prestar o vestibular. E Jéssica é uma garota fascinante. Ela passa o dia todo estudando, gosta de ler livros que não caem no vestibular e tem profundo interesse por arquitetura, deixando incrédula a dona Bárbara. Ela parece não acreditar que uma filha de empregada pode almejar mais coisas da vida. É…

A crítica social está presente em várias sequências de Que Horas Ela Volta?, geralmente de maneira precisa e acertada. A cena em que a família abdica de interagir entre ela para ficar nos celulares não é sutil, mas é verdadeira. Enfim, temos aqui uma experiência muito rica. É aquele tipo de filme que nos faz pensar, nos emociona e nos diverte. Como esquecer a cena da piscina? Uma das melhores do ano.

Veredito:

Prometo que nunca mais torcerei o nariz para Regina Casé. Ela e Muylaert nos brindaram com um entretenimento de alta qualidade. Que Horas Ela Volta?, para mim, está no rol dos ótimos filmes nacionais recentes, como O Som ao Redor, O Lobo Atrás da Porta, Estômago, Linha de Passe e Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Uau. Quanta coisa boa! Em termos de cinema, dá orgulho do Brasil!

***Classificação***


Título original: Que Horas Ela Volta? que-horas-ela-volta_t104058_jpg_290x478_upscale_q90
Ano: 2015
Duração:
112 min
Diretor:
 Anna Muylaert
Roteiro: Anna Muylaert
Gênero: Drama
Elenco: Regina Casé, Helena Albergaria, Michel Joelsas, Camila Márdila

 

 


 

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

13 comentários sobre “Que Horas Ela Volta?

  1. Adorei o filme e também tinha torcido o nariz pra a regina Casé que teve sim uma atuação excelente. O filme me surpreendeu bastante positivamente.

  2. Regina Casé é uma boa atriz. Mas, a verdade é que as pessoas torcem mesmo o nariz para ela, principalmente por causa do “Esquenta”. “Que Horas Ela Volta?” é um grande filme! Um verdadeiro tributo às recentes conquistas sociais vivenciadas pela sociedade brasileira. Um filme necessário para entendermos o próximo e aprendermos um pouco sobre respeito e oportunidades!

  3. Mais curioso no filme é notar como a Globo ignorou, comparativamente às porcarias que ela costuma fazer, mesmo tendo uma atriz que está nos quadros da emissora. É bom ver um filme nacional que seja palatável e bom, normalmente as duas coisas não se associam quando falamos de produções nacionais.

      1. A Globo não ignorou, teve reportagem no Fantástico que ajudou a bombar o filme.
        Só que a reportagem foi meio tosca ao dizer que o filme mostrava uma boa relação de patrões e empregadas domésticas. hehehehehe

  4. Finalmente assisti, espetacular. Lindo. Tem uma conversa de Val com a filha no fim do filme resume tudo:

    – Moderna né? É tudo diferente essa aqui ó. É o preto no branco, o branco no preto. Diferente, que nem tú.
    – Bonita!

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